Título: Deputada volta a acusar Mabel durante acareação
Autor: João Domingos
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/10/2005, Nacional, p. A6

A deputada Raquel Teixeira (PSDB-GO) voltou ontem a acusar o líder do PL, Sandro Mabel (GO), de oferecer-lhe R$ 1 milhão - mais mesada de R$ 30 mil - para mudar de partido, durante acareação dos dois no Conselho de Ética da Câmara. Mabel reiterou que nunca ofereceu dinheiro para a tucana se filiar ao PL. "Os dois foram convincentes. Esse é o problema da acareação", constatou, desolado, o presidente do Conselho, Ricardo Izar (PTB-SP). A sessão foi secreta. Izar justificou a medida como forma de evitar exibicionismo e a repetição do que houve na acareação da CPI dos Bingos entre cinco suspeitos, na qual todos se xingaram de "bandido".

Ao deixar o plenário do Conselho de Ética, depois de cinco horas de confronto, Mabel não poupou a colega: "Ela é mentirosa e oportunista. Não tem nenhuma prova contra mim", atacou. Disse que Raquel quer ser candidata a governador em Goiás e, para abrir espaços no PSDB, resolveu atacá-lo.

Raquel saiu em seguida do plenário e rebateu as declarações de Mabel na hora. "O Sandro mente. Ele tem três versões diferentes para o convite que me fez: primeiro, diz que estava atrás de uma educadora com meu perfil; depois, diz que me convidou a pedido do vice-presidente José Alencar; fala ainda que eu estava sem espaço no PSDB e pedi para ser convidada."

O que realmente ocorreu, garantiu Raquel, é que Mabel lhe ofereceu dinheiro para trocar de legenda. "Há um ano e meio falei da oferta dos R$ 30 mil ao governador (Marconi Perillo, do PSDB); um ano e meio depois, Roberto Jefferson denunciou o mensalão, e disse que era de R$ 30 mil."

FESTA

O processo por quebra de decoro parlamentar contra Mabel deverá ser concluído até o fim da semana que vem, segundo o relator, deputado Benedito de Lira (PP-AL). Ele e outros parlamentares insistiram na acareação porque havia a palavra de Raquel contra a de Mabel.

Depois de ouvir os dois por cinco horas, no entanto, os parlamentares do Conselho de Ética continuavam a dizer que a situação não mudou.

Em sua defesa, Mabel disse que tem uma declaração de Perillo de que não tinha tentado "comprar" Raquel e que a deputada compareceu à sua festa de posse na liderança do PL, depois da data em que supostamente teria ofertado dinheiro. "Alguém vai à festa do corruptor?", indagou. A deputada respondeu: "Fui à festa dele porque ele me convidou. O governador também foi. Cumpri um compromisso partidário."