Título: CPI quer dados de Duda em NY
Autor: Eugênia Lopes
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/10/2005, Nacional, p. A10

O presidente da CPI dos Correios, senador Delcídio Amaral (PT-MS), vai solicitar ao Supremo Tribunal Federal (STF) acesso da comissão aos documentos levantados pela promotoria Distrital de Nova York com a movimentação financeira da conta aberta em nome da offshore Dusseldorf, do publicitário Duda Mendonça, nos Estados Unidos. As autoridades americanas se comprometeram a enviar para o Brasil, daqui a duas semanas, os dados com a quebra de sigilo bancário da conta do publicitário, mas estão preocupadas com a possibilidade de vazamento das informações. "É fundamental que tenhamos acesso a essas informações. É crucial para que possamos saber a origem dos recursos", afirmou ontem Delcídio, depois de se reunir com o delegado da Polícia Federal Luiz Flávio Zampronha. Na semana que vem, Delcídio e o relator da CPI, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), pretendem se encontrar com o ministro Joaquim Barbosa, que preside o inquérito do mensalão no Supremo. Vão solicitar que as informações da promotoria de Nova York sejam compartilhadas com os integrantes da CPI dos Correios.

Com a quebra do sigilo bancário, os integrantes da comissão estão certos de que vão descobrir a origem dos depósitos de R$ 10,5 milhões na conta da Dusseldorf. Em depoimento à CPI, Duda Mendonça contou que recebeu esse dinheiro pelo trabalho de publicidade realizado para o PT na campanha de 2002. "A primeira informação sobre a conta partiu de um depoimento na CPI. Não podemos ficar sem essas informações", argumentou Delcídio.

COMPROMISSO

Uma carta-compromisso assinada entre o Departamento de Recuperação de Ativos do Ministério da Justiça e as autoridades americanas prevê que as informações levantadas sobre a quebra de sigilo da conta de Duda Mendonça nos Estados Unidos não sejam divulgadas. As autoridades americanas ficaram ressabiadas e querem impor restrições à divulgação de dados com sigilo bancário, depois que integrantes da CPI do Banestado vazaram a movimentação financeira no exterior de autoridades e políticos brasileiros.

O governo brasileiro solicitou ao Departamento de Justiça norte-americano a quebra do sigilo bancário da conta da Dusseldorf e de outras 17 contas que a abasteciam. O delegado Zampronha já foi aos Estados Unidos e teve acesso aos documentos. "Iremos ao STF solicitar o compartilhamento desses dados", explicou o relator Serraglio.

Segundo Delcídio Amaral, a CPI poderá enviar representantes a Nova York para obter os documentos, caso o Supremo negue à comissão acesso ao dados de quebra de sigilo levantados pela Justiça americana.