Título: 'Antes de criticar, precisamos reparar na economia'
Autor: Ricardo Brandt
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/10/2005, Nacional, p. A4

Segundo Lula, houve poucos momentos na história do País 'com combinação de fatores tão positivos'

Em resposta às críticas feitas ao governo, a respeito dos juros ou da política econômica, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem, diante de um grupo de empresários na Federação das Indústrias, que "antes de a gente fazer críticas" é preciso "reparar no que está acontecendo na economia". Segundo ele, o País vive hoje "uma combinação de crescimento econômico com as nossas exportações, com as importações, sobretudo de bens de capital, o que significa que nossas empresas estão acreditando na sua reestruturação".

Lula participou do seminário "Construbusiness", promovido pela Fiesp, com os ministros Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), Luiz Marinho (Trabalho) e Márcio Fortes (Cidades).

"Houve poucos momentos na história econômica do Brasil", alertou, "em que tivemos uma combinação de fatores tão positivos como estamos tendo agora. Alguém poderia dizer quer o Brasil poderia crescer mais, é verdade. Alguém poderia dizer que os juros poderiam estar mais baixos, é verdade. Mas antes de a gente fazer críticas, precisamos reparar o que esta acontecendo na economia brasileira". Ele mencionou, então, bons números da conta corrente, da geração de empregos e da poupança interna.

Mandou recado à platéia ao comentar juros e câmbio. "Durante a campanha, fiz muitos debates com empresários e o que mais diziam era que o Banco Central tinha que ter autonomia. Agora, querem que eu determine a política de juros. Vocês cobraram de mim, durante dez anos, que o câmbio fosse flutuante e, agora, querem que eu determine o valor da moeda."

O presidente garantiu que não haverá manobras eleitoreiras afetando a política econômica. "Essas coisas (políticas de juros e do câmbio) vão acontecer na medida que o mercado, o governo e a sociedade perceberem que a seriedade veio para ficar. O crescimento, avisou, não tem retrocesso, já que o Brasil "finalmente encontrou o caminho de ter um crescimento sustentado."

Também garantiu que não vai ceder às pressões geradas pelas denúncias e pela crise política. "Quando apontaram o salário mínimo de R$ 384, eu disse que ia vetar pois nem as prefeituras nem a Previdência suportariam." Outro de seus comentários foi que "(...)de vez em quando eu ouço uma crítica dizendo 'mas o presidente Lula repete demais o discurso'. Nenhuma música faria sucesso senão fosse repetida muitas vezes na rádio, ou nenhum filme ganharia prêmios se não tivesse que repetir em todas as salas de projeção."