Título: Energia de Itaipu vai ficar mais cara
Autor: Leonardo Goy
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/10/2005, Economia & Negócios, p. B10

Aneel autoriza reajuste de 12,10% na energia que as distribuidoras compram da binacional

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) autorizou ontem reajuste de 12,10% na tarifa que as distribuidoras pagarão pela energia de Itaipu. Com isso, essa tarifa passa dos atuais US$19,2071 por quilowatt para US$ 21,5311. O novo preço começou a valer dia 1.º deste mês e vigorará até 31 de dezembro de 2006. A energia de Itaipu é comercializada pela estatal Eletrobrás para 18 concessionárias de distribuição que atuam nas Regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do País. Itaipu informou que o reajuste de sua tarifa terá pequeno impacto para os consumidores finais. O repasse vai variar de acordo com a participação da energia de Itaipu no montante distribuído por cada distribuidora. Na média, as 18 empresas compram da estatal 34,4% da energia que vendem. Segundo Itaipu, o reajuste para o consumidor deverá ser de, no máximo, 2,9%.

"O consumidor só sente esse aumento ano a ano, na época do reajuste anual da distribuidora", salientou o superintendente de Regulação Econômica da Aneel, César Antônio Gonçalves.

A Eletropaulo está entre as empresas que compram energia de Itaipu.

Procurada ontem, a empresa informou que cerca de 32% da energia que distribuiu no primeiro semestre veio da binacional. A distribuidora paulista não estimou, porém, qual deverá ser o impacto futuro desse aumento em suas tarifas. Por meio de sua assessoria de imprensa, a empresa apenas disse que o efeito será mínimo.

De todo modo, qualquer repasse do preço da energia de Itaipu nas tarifas da Eletropaulo só será aplicado a partir de julho do ano que vem, quando ocorre o próximo reajuste anual da empresa.

A empresa informou ainda que a antecipação de seu reajuste - que deveria ocorrer somente em janeiro - tem como objetivo compensar as perdas causadas pela valorização do real perante o dólar. Itaipu, que tem os governos do Brasil e do Paraguai como sócios, tem suas tarifas atreladas à moeda americana. Mas como parte dos custos é fixada em reais (os salários, por exemplo), a queda do dólar causou uma perda de arrecadação da binacional na moeda brasileira.

Outro fator que levou ao aumento de custos, segundo a empresa, foi a alta da inflação americana, variável que é utilizada para corrigir sua dívida.