Título: Real forte ainda incomoda Furlan diz que muitas empresas pararam de exportar
Autor: Renata Veríssimo
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/10/2005, Economia & Negócios, p. B6

Apesar do clima de otimismo e festa organizado para comemorar a superação da marca de US$ 112 bilhões exportados nos 12 meses terminados em setembro, o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, afirmou que algumas empresas já estão deixando o mercado externo por causa da alta valorização do real frente ao dólar. "Hoje, a cotação do câmbio não é favorável para nossas exportações. A nossa moeda é a mais valorizada do mundo", disse Furlan, em discurso na solenidade que homenageou um grupo de nove pequenos e médios empresários exportadores. Os homenageados reforçaram a preocupação com as sucessivas reduções na taxa de câmbio e o impacto em seus negócios. "Se esse evento fosse daqui a três meses, certamente bem menos representantes do setor estariam dispostos a vir aqui", afirmou Mauro Albuquerque, dirigente da empresa Fibrafort, que produz equipamentos náuticos em Santa Catarina, que se destacou pelo valor agregado exportado no ano passado.

Para Rivaldo Gonçalves, da Agrorisa, que produz e exporta guaraná, além da taxa de câmbio é preciso haver uma redução de burocracia também para importações necessárias às exportações, para isso favoreça o fluxo de comércio no País. "É preciso também haver acesso a financiamentos para exportarmos", defendeu o empresário.

O ministro reconheceu as dificuldades para o setor exportador, mas acredita que as vendas externas continuarão crescendo. "As exportações, apesar desse quadro que deverá ser modificado com o início da queda nos juros, vão continuar crescendo", disse.

A crise política não foi esquecida, apesar da tentativa de um clima descontraído. Furlan - vestindo, como os demais convidados da festa, uma camiseta financiada pelo Banco do Brasil onde se lia "112 bilhões exportados. Eu contribuí para superar essa meta" - comentou que muitas vezes "o País se esquece de notar a sua capacidade de resistir às turbulências".

Ele comparou a crise a uma turbulência num vôo: "A turbulência testa o equipamento e a capacidade de pilotar, mas em nenhum momento nós do Ministério do Desenvolvimento pensamos que o avião Brasil fosse cair. E não vai" .