Título: Furlan eleva meta de exportação
Autor: Renata Veríssimo
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/10/2005, Economia & Negócios, p. B6

Projeção para 2005 sobe de US$ 112 bilhões para US$ 117 bilhões; superávit pode ficar em US$ 42 bilhões

O governo elevou sua meta de exportações para este ano, de US$ 112 bilhões para US$ 117 bilhões. O aumento foi anunciado ontem pelo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan. Ele acredita que, com o maior volume de vendas ao exterior, é possível que o saldo comercial deste ano fique na casa dos US$ 42 bilhões. "Na tendência de hoje, é possível que o superávit se alargue. Algo como R$ 42 bilhões, dependendo do comportamento das importações nos próximos meses", disse o ministro, em entrevista no Centro Cultural do Banco do Brasil, após participar de uma homenagem a pequenos e médios exportadores.

Furlan ponderou, no entanto, que um saldo comercial acima de US$ 40 bilhões é exagerado. "O Brasil não precisa de superávit desse tamanho. Temos de dar uma dinâmica consistente nos dois caminhos (exportação e importação)." Ele disse concordar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para quem o superávit acima de US$ 40 bilhões ao ano é excessivo.

O otimismo com as exportações é baseado, segundo Furlan, no crescimento da economia mundial, puxado por Estados Unidos, China e alguns países da Europa, e do bom desempenho das companhias exportadoras brasileiras. Ele destacou que esse desempenho tem favorecido não só o Brasil, mas também outros países exportadores. No entanto, as exportações do Brasil crescem o dobro da média mundial. "Alguma coisa as empresas estão fazendo melhor que em outros países."

A grande incógnita com relação à projeção de saldo de US$ 42 bilhões é o comportamento das importações, que provocou até uma contradição no Ministério do Desenvolvimento. Furlan afirmou que as compras no exterior devem aumentar em outubro e novembro, mas cairão em dezembro, tornando factível o saldo de US$ 42 bilhões.

Mais conservador, o secretário de Comércio Exterior, Armando Meziat, disse que o saldo deverá ficar abaixo dos US$ 41,259 bilhões nos últimos 12 meses por causa do aumento das importações, sobretudo de matérias-primas e produtos intermediários, n o último trimestre.

Furlan disse que a meta das exportações para 2006 também deverá ser revista no fim deste ano. "A meta de US$ 120 bilhões para 2006 ainda está mantida. Com isso, vamos dobrar o valor das exportações em quatro anos de governo Lula", disse Meziat.

SETEMBRO

Em setembro, a balança comercial alcançou superávit de US$ 4,329 bilhões, resultado de exportações de US$ 10,635 bilhões (recorde para o mês) e importações de US$ 6,306 bilhões. De janeiro a setembro, o saldo acumulado é de US$ 32,671 bilhões. As vendas mercadorias ao exterior somaram US$ 86,720 bilhões, enquanto as compras chegaram a US$ 54,049 bilhões. Nos 12 meses terminados em setembro, as exportações já atingiram US$ 112,917 bilhões, aumento de 24,7% na comparação com o período anterior, enquanto as importações chegaram ao recorde de US$ 71,658 bilhões.