Título: Bancos não reduzem juro, apesar da Selic
Autor: Renée Pereira
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/10/2005, Economia & Negócios, p. B8

Queda de 0,25 ponto na última reunião do Copom não repercutiu entre a maioria

A maioria dos bancos manteve a taxa de juros inalterada em outubro, apesar da queda de 0,25 ponto porcentual na Selic no mês passado (19,5%). Segundo levantamento feito pela Fundação Procon-SP, das dez instituições pesquisadas nos dias 4 e 5 de outubro, apenas quatro reduziram suas taxas no crédito pessoal e uma no cheque especial. Foram avaliados os juros do HSBC, Banespa, Bradesco, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Itaú, Santander, Nossa Caixa, Banco Real e Unibanco em contratos de 12 meses. De acordo com o Procon-SP, apesar de a maioria ter mantido os juros no nível do mês passado, as pequenas reduções podem significar uma inversão de comportamento das taxas.

Na pesquisa da entidade, essa foi a primeira queda verificada no empréstimo pessoal desde dezembro de 2004.

Entre os bancos que cortaram as taxas nesta modalidade de crédito estão: Banco Real (de 5,9% para 5,7% ao mês); Caixa (5,28% para 5,10%); Bradesco (5,87% para 5,85%); e HSBC (5,07 para 5,06%). No cheque especial, apenas Bradesco alterou suas taxas nesse período. Os juros de 8,33% ao mês caíram para 8,31%, o que significa uma redução de 0,24% em relação a setembro. Os demais bancos não alteraram suas taxas.

O levantamento mostra ainda que a menor taxa do empréstimo pessoal foi encontrada na Nossa Caixa (4,25% ao mês) e a maior, no Itaú (5,95%). Já no cheque especial, a Caixa apresentou a menor taxa (7,95% ao mês) e Banespa, Itaú e Santander as maiores (8,32%).

A taxa média dos juros praticados pelos 10 bancos em outubro ficou em 5,42% ao mês no empréstimo pessoal, o que representa cerca de 88,46% ao ano. No cheque especial, os juros médios mensais ficaram em 8,32%, ou 160,77% ao ano.

A pesquisa feita pela Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) também mostrou estabilidade nas taxas em setembro. Nas linhas para pessoa física, os juros médios ficaram em 7,61% ao mês, igual às taxas de agosto. Segundo o vice-presidente da entidade, Miguel José Ribeiro de Oliveira, as tímidas reduções verificadas podem ser explicadas pelo pequeno corte da Selic, de 0,25 ponto no mês passado, e também pelo aumento da inadimplência.

'Muitos bancos decidiram esperar um tempo para ver se esse avanço é momentâneo ou não', explica Oliveira. Mas, segundo ele, um novo corte na Selic na semana que vem poderá mudar o comportamento dos bancos.