Título: Mato Grosso do Sul não recebeu verba para prevenção
Autor: Patrícia Campos Mello
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/10/2005, Economia & Negócios, p. B4

Embora seja responsável por metade das exportações brasileiras de carne bovina, o Estado de Mato Grosso do Sul não recebeu este ano um centavo das verbas federais para defesa sanitária. A informação é do secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Gabriel Alves Maciel. O Estado deveria receber R$ 3,5 milhões para ações sanitárias este ano. No Ministério da Agricultura e na bancada ruralista, não há dúvidas: o responsável pela falta de verbas é o Ministério da Fazenda.

A defesa sanitária em todo o País deveria receber R$ 167 milhões este ano, de acordo com o orçamento aprovado pelo Congresso. Mas o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, conseguiu garantir apenas R$ 90,8 milhões, dos quais R$ 55 milhões especificamente para defesa animal. Isso depois de muito espernear.

Se dependesse somente da área econômica, as verbas teriam sido cortadas para R$ 37 milhões, sob pretexto de adequar o tamanho das despesas do governo federal à sua arrecadação.

CAUSA PRINCIPAL

O secretário do Ministério da Agricultura disse que a falta de verbas é uma das causas do surgimento do foco de aftosa em Mato Grosso do Sul. Gabriel Alves Maciel tomou o cuidado de afirmar que essa não seria a causa principal, até porque a fazenda onde a febre aftosa foi detectada tinha certificados de vacinação. "Mas é uma das causas", afirmou.

Parlamentares da bancada ruralista, porém, não hesitaram em apontar a contenção de verbas como causa principal do ressurgimento da doença no País.

"É inimaginável o quanto isso poderá destruir o rebanho que construímos geneticamente no País", disse o presidente da Comissão de Agricultura da Câmara, deputado Ronaldo Caiado (PFL-TO).

O deputado salientou que têm sido rotineiras as críticas à falta de verbas para o controle sanitário.

Na semana passada, o próprio da Agricultura, Roberto Rodrigues se declarou "frustrado" pelas dificuldades que vinha enfrentando no próprio governo para implementar a política agrícola. Mesmo reconhecendo que "o cobertor é curto", ele reclamou da falta de verbas e se disse cansado dos embates com a área econômica do governo.