Título: Greve dos bancários termina em SP e 8 Estados
Autor: Marcelo Rehder
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/10/2005, Economia & Negócios, p. B8

A greve dos bancários chegou ontem ao fim em vários Estados. Os funcionários dos bancos privados de São Paulo, Bahia, Acre, Pernambuco, Rondônia, Rio Grande do Sul, Alagoas, Santa Catarina e Sergipe aprovaram ontem o reajuste de 6% nos salários proposto pela Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) e retornam amanhã ao trabalho, após seis dias de greve. Em Brasília e no Piauí, o acordo foi rejeitado.Os bancários do Maranhão também rejeitaram a proposta, mas fazem nova assembléia amanhã. Até as 20h, sindicatos de outros estados ainda realizavam assembléias para avaliar a proposta. Em assembléia em São Paulo, que reuniu cerca de 3 mil bancários do setor privado, a maioria (dois terços) decidiu aceitar a nova proposta feita pela Fenaban na terça-feira. O acordo aprovado garante ainda o pagamento de abono de R$ 1,7 mil e de prêmio de Participação nos Lucros e Resultados (PLR) no valor de 80% do salário mais R$ 800 fixos.

A data-base para o reajuste salarial da categoria é 1º de setembro. No País, há cerca de 400 mil bancários. Em São Paulo, Osasco e Região, são cerca 106 mil, dos quais 82 mil trabalham no setor privado.

O reajuste de 6% nos salários supera a inflação medida pelo Índice do Custo de Vida (ICV) em São Paulo pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese) de setembro de 2004 a agosto deste ano, que ficou em 4,89%. Neste caso, o aumento real é de 1,06%. Já o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), apurado no País pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que serve de parâmetro para as campanhas salariais, ficou em 5,01% e o o reajuste de 6% garante aumento real de 0,94%.

Na terça-feira, a Fenaban melhorou a proposta dos bancos e o comando nacional de greve dos bancários decidiu recomendar a aprovação da proposta de acordo e o fim da paralisação. A nova proposta elevou o reajuste salarial de 4% para 6% e o abono de R$ 1 mil para R$ 1,7 mil. O valor fixo da PLR foi aumentado de R$ 733 para R$ 800, além dos 80% do salário.

Na avaliação do comando de greve, a proposta representa o limite que poderia ser conquistado nas negociações. "Os bancos poderiam oferecer muito mais, por causa dos lucros que tiveram, mas este é o aumento possível", disse Carlos Cordeiro, secretário-geral da Confederação Nacional dos Bancários, entidade ligada à Central Única dos Trabalhadores (CUT), que negocia em nome da categoria.

Os bancários reivindicavam reajuste de 11,77% e pagamento da PLR de um salário mais valor fixo de R$ 788, acrescido de 5% do lucro líquido distribuídos de forma linear entre os funcionários, além de novas conquistas, como o 14º salário.