Título: Leilões de energia têm bom resultado
Autor: Renée Pereira
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/10/2005, Economia & Negócios, p. B9

O Ministério de Minas e Energia realizou ontem em São Paulo mais dois leilões de energia existente e conseguiu atender boa parte da demanda exigida pelo mercado. No total, foram comercializados 1.268 megawatts médios de eletricidade, que somaram R$ 7,9 bilhões. Ao contrário dos dois últimos leilões, feitos em dezembro de 2004 e abril deste ano, as empresas privadas e as estatais estaduais foram as maiores vendedoras de energia. Nas ocasiões anteriores, as estatais federais foram as que desovaram volume de eletricidade. O primeiro leilão de ontem teve início às 9h15, com preço inicial de R$ 73, e terminou às 11h30, depois de 19 rodadas. Foram arrematados 102 MW médios, que atenderam 100% da demanda exigida pelo mercado a partir de 2006. Neste caso, os contratos têm duração de apenas 3 anos e foram fechados com preço médio de R$ 62,95.

Neste leilão, a maior vendedora foi a americana Duke Energy, que vendeu 66 MW médios por R$ 72,76. "A venda de energia foi um sucesso, pois contratamos toda a demanda das distribuidoras. Além disso, o consumidor será beneficiado com os preços conseguidos", afirmou o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim.

O segundo leilão, para contratos de 8 anos a partir de 2009, durou cerca de uma hora e 20 e comercializou 1.166 MW médios ao preço médio de R$ 94,91. A Tractebel foi a maior vendedora, com 381 MW médios, sendo 190 MW médios vendidos ao preço de R$ 94,96 e 191 MW médios a R$ 93,03.

Segundo o ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, esse leilão conseguiu atender 60% da demanda das distribuidoras. Em relação à energia restante, ele afirmou que ainda vai estudar uma forma para completar a demanda exigida. "Mas nunca estivemos numa situação tão confortável como a de agora, com um elevado nível de contratação de energia por um período tão longo."

Boa parte dos vendedores considerou bom o preço do segundo leilão. Mesmo assim, alguns seguraram parte da energia que seria ofertada ontem para comercializar em dezembro, no leilão que incluirá a energia botox (de usinas que entraram em operação depois de 1.º de janeiro de 2000 e ainda não tinham contrato até a publicação das regras do novo modelo do setor).

A Companhia Energética de São Paulo (Cesp), por exemplo, vendeu 120 MW médios ontem e deixou 230 MW médios para o leilão de dezembro, afirmou o diretor da estatal Silvio Areco. No caso de Furnas Centrais Elétricas, foram comercializados 281 MW médios a R$ 96. Segundo o presidente da empresa, José Pedro Rodrigues de Oliveira, esse valor está acima dos preços praticados pela empresa antes do leilão.