Título: Frigoríficos de SP param embarques
Autor: Márcia De Chiara
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/10/2005, Economia & Negócios, p. B6

Um grande frigorífico do Estado de São Paulo suspendeu ontem todos os embarques de carne para a União Européia (UE). Segundo cálculos do proprietário, que não quer que o nome do frigorífico seja divulgado, a empresa deixou de embarcar cerca de 20 contêineres. 'Estamos parados, não estamos matando bois nem carregando para exportação', disse.

O governo paulista proibiu a entrada de gado e de carne de Mato Grosso do Sul no Estado.

Segundo a UE, serão devolvidas cargas embarcadas depois do dia 30 de setembro. 'Vamos ter de desviar essas cargas e vender em outros mercados que não decretaram embargo', diz o empresário. Nesses mercados, porém, os preços pagos são bem menores.

A Europa é quem paga mais. 'Esperamos que, após o estresse, a UE abra (as importações) pelo menos de São Paulo.' A UE absorve 40% das exportações do frigorífico.

O presidente do Sindicato das Indústrias Frigoríficas no Estado de São Paulo, Edivar Vilela de Queiroz, disse que o setor não entende o motivo do embargo à exportação da carne de São Paulo e do Paraná, já que o foco de aftosa ocorreu em Mato Grosso do Sul.

'Há dez anos São Paulo não tem um foco sequer e tem eficiência na sanidade de seu rebanho', disse Queiroz. 'Não há motivos para São Paulo ser proibido de exportar carne.' Queiroz também considerou 'drástica' e 'radical' a medida do governo paulista de proibir a entrada de gado e de carne de Mato Grosso do Sul no Estado.

Os maiores frigoríficos exportadores de São Paulo ainda não calcularam o impacto da aftosa em suas exportações. Muitos esperam encontros de autoridades brasileiras com as dos países compradores para decidir os rumos das vendas.

O Frigorífico Minerva, um dos cinco maiores exportadores, ainda não decidiu se vai atrás de novos mercados, redirecionar as vendas para países que não aderiram ao boicote ou se optará pelo mercado interno. Outra hipótese, pior, seria reduzir os abates e a produção, o que causaria férias coletivas e demissões de funcionários.

'Somente a partir da reunião de amanhã (UE-Brasil) se começará a projetar os próximos passos', diz o gerente de Logística do Minerva, Luís Ricardo Alves. O risco de desemprego no setor já preocupa a Força Sindical, que na próxima semana fará uma reunião sobre o tema.