Título: Não haverá pirotecnia, diz Lula
Autor: Tânia Monteiro
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/10/2005, Nacional, p. A8

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva garantiu ontem a uma platéia de cem empresários de Brail e Portugal que não tomará nenhuma medida que possa afetar a economia. 'Nós nos comprometemos moralmente, não apenas na nossa consciência, mas com o futuro do Brasil, que, embora tenhamos eleições no próximo ano, não teremos nenhum gesto, nem tomaremos medidas que possam colocar em risco a solidez das coisas que construímos até agora com muito sacrifício', frisou. Lula afirmou que a economia está sólida e que o País se prepara para novo ciclo de crescimento. 'O Brasil já teve muita pirotecnia, muitas mágicas, inventou planos no meio da noite que terminaram de madrugada. Nós não faremos isso. Em economia, não tem mágica.

Tem é responsabilidade.' E prosseguiu: 'Todo mundo sabe que em ano eleitoral os governantes ficam mais generosos e, muitas vezes, essa generosidade obriga o governo a cometer atos de irresponsabilidade, porque gasta dinheiro que não é dele, é do povo.'

Ele insistiu que 'não pretende mudar o rumo da economia ante questões políticas ou eleitorais' porque o Brasil não pode jogar fora a chance excepcional que está tendo: 'Não perderemos a oportunidade, não só a que nós criarmos, mas também a que o mercado internacional criar para isso.'

ANO PERIGOSO

No seminário Oportunidades de Novos Negócios entre Brasil e Portugal, Lula falou ao lado do primeiro-ministro português, José Sócrates. Antes do evento, os dois caminharam juntos cerca de dez minutos, do hotel onde Lula estava hospedado ao local do seminário. No trajeto, Lula disse a Sócrates que 2006 será 'um ano perigoso' para o Brasil.

E agregou, ao comentar a turbulência política: 'Nossa orientação é ter muita tranqüilidade.' Ele incentivou os investidores a aplicarem no Brasil e lembrou que as relações entre os dois países 'ultrapassaram os discursos bem-intencionados'.

Lula disse que Portugal é a porta de entrada para produtos brasileiros na Europa e que a recíproca é verdadeira, pois o Brasil é porta de entrada de Portugal no Mercosul. 'É o momento de os empresários brasileiros descobrirem Portugal', desafiou.

'Não se trata de deixar a obrigação política para desenvolver relação comercial. Queremos ir mais além do que é tradicional', afirmou o presidente.

O comércio bilateral, hoje, é muito favorável ao Brasil, mas os dois países falaram em incrementar os investimentos de lado a lado, de forma que o Brasil use Portugal para entrar na União Européia e Portugal escale no Brasil para chegar ao Mercosul e aos países da América Latina.