Título: Funcionários lutam para fazer a Vasp voltar a voar
Autor: Mariana Barbosa
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/10/2005, Economia & Negócios, p. B5

Os cerca de 250 funcionários que restaram na Vasp estão trabalhando com todo afinco para colocar a empresa no ar. Depois que a Justiça aceitou, na segunda-feira, o pedido de recuperação judicial, eles têm 60 dias para apresentar um plano de recuperação aos credores. A decisão do juiz Alexandre Lazzarini, titular da 1ª Vara de Falências de São Paulo, não representa, porém, um julgamento sobre a capacidade ou não de a empresa voltar a operar. 'Sempre se defere positivamente estando a documentação em ordem', explica Lazzarini. 'Quem vai decidir se a empresa é viável são os credores.' Com uma dívida de R$ 3,3 bilhões, sendo quase R$ 2 bilhões com a União, a Vasp parou de voar em janeiro. A empresa está sob intervenção da Justiça do Trabalho desde março, em uma ação cujo objetivo é honrar dívidas trabalhistas. Acéfala entre janeiro e março, teve seu patrimônio dilapidado. Coube a um pequeno grupo de funcionários manter a luz acessa, literalmente inclusive, em negociações com a Eletropaulo. Sob o comando de três interventores, os planos dos funcionários para colocar a empresa no ar começa com a reativação do centro de manutenção. A idéia é prestar serviços para a própria empresa e também para terceiros. Em seguida, a empresa pretende retomar o serviço de cargas e iniciar operações com vôos fretados. Dos 30 aviões que compõem a frota da Vasp, uns cinco têm condições de voltar a voar com pouco investimento. 'Queremos recuperar o que for recuperável e aos poucos trazer novos aviões, com novos contratos de leasing', diz o interventor presidente Raul Medeiros. Ele acredita que o retorno da empresa poderá ser financiado com os créditos que estão depositados em contas judiciais, como os cerca de R$ 8 milhões que fazem parte de uma disputa contra a GE, entre outros.

Consultores ouvidos pela reportagem afirmam, contudo, que seriam necessários nada menos do que R$ 100 milhões para botar a empresa no ar. Na hipótese de os atuais gestores se depararem com a boa vontade dos credores e encontrarem investidores interessados - no final do processo haverá ainda uma discussão sobre o afastamento de Canhedo. 'Se ele tiver de voltar, estou certo de que 95% dos 250 funcionários que estão aqui hoje irão embora', afirma o advogado da Vasp, Pedro Morel.

No pedido de recuperação judicial, solicitou-se ainda a prisão do empresário. A nova Lei de Falências prevê até seis anos de prisão em caso de comprovação de ato fraudulento que tenha provocado prejuízo aos credores.