Título: Assim como os aviões, frota de ônibus também está sucatada
Autor: Mariana Barbosa
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/10/2005, Economia & Negócios, p. B5

Com Viplan, Condor e Lotáxi, empresário controla 37% do transporte urbano de Brasília, com permissão de mais de 30 anos

BRASÍLIA - Problemas financeiros e frota sucatada marcam a atividade empresarial do grupo Canhedo no transporte urbano no Distrito Federal. Por meio das empresas Viação Planalto (Viplan), Condor e Lotáxi, que juntas ocupam o segundo lugar na prestação do serviço na capital federal, a família Canhedo detém os direitos de exploração de 37% das 800 linhas urbanas de ônibus. Criada no início da década de 70, a Viplan é o carro-chefe do grupo e obteve permissão por prazo indeterminado em licitação feita há mais de 30 anos. A crise financeira pela qual a Viplan estaria passando é assunto corrente na cidade. Segundo o presidente do Sindicato dos Rodoviários do Distrito Federal, João Osório, a Viplan vive uma 'situação delicada'. Ele aponta como indicador do problema a manutenção inadequada de muitos dos 750 ônibus do grupo e a falta de renovação dos veículos. 'Alguns veículos já têm 14 anos de uso.' A Secretaria de Transportes diz que a legislação fixa um limite de uso que varia de acordo com o veículo. 'Em geral, para os ônibus que fazem o transporte coletivo convencional, o limite é de sete anos', informou o secretário-adjunto de Transportes do DF, Januário Elcio Lourenço. O presidente da empresa, Wagner Canhedo Filho, não respondeu aos recados deixados em seus escritórios para falar sobre as acusações. 'O sistema de transporte público precisa melhorar, mas colocar a culpa na empresa A, B ou C é uma injustiça', afirmou o secretário. Interlocutores da família Canhedo afirmam que a elevação de custos agravou a situação da Viplan, que ainda sofre com o congelamento do preço das passagens nos últimos dois anos. A aposta do secretário é que até o fim de 2006 comece a ser implantado o sistema integrado ônibus e metrô na região, o que deve baratear os custos das empresas. O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) aprovou US$ 240 milhões para o projeto, mas exige contrapartidas, entre elas a renovação das frotas pelas empresas.

A falta de renovação das permissões para transporte urbano é ainda o pivô de uma disputa entre o governo e o Tribunal de Contas do Distrito Federal. O tribunal diz que o governo distrital infringe a lei de concessões públicas, de 1995, ao não realizar nova licitação para as permissões concedidas antes dessa legislação. Uma decisão judicial pode definir a polêmica nas próximas semanas.