Título: Chocados, colegas procuram respostas para tragédia
Autor: Camilla Rigi
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/10/2005, Metrópole, p. C1

Consternação. Esse era o clima entre os estudantes da Escola de Comunicação e Artes (ECA) ontem. Nenhum dos alunos conseguia explicar o crime. E, pior, como Fábio Nanni, tão calmo, havia cometido um assassinato. "Espero que esse cara nunca mais apareça na universidade", disse um estudante que pediu para não ser identificado. Todos afirmavam que Rafael Fortes e Fábio eram amigos. Os dois davam aulas no Projeto Redigir - curso de redação gratuito organizado pelos alunos. Beatriz Camargo foi uma das poucas estudantes a falar com a imprensa. "A situação é muito mais complexa do que vocês imaginam." Segundo a aluna, que também convivia com os dois no Redigir, Fábio era uma pessoa muito carente.

Um estudante que também pediu para não ser identificado contou que já dormira algumas vezes na república em que os colegas moravam e nunca percebeu desavença entre os dois. "O Fábio era muito tranqüilo."

Os funcionários da ECA também se surpreenderam. Segundo eles, Fábio, apesar de tímido, era uma pessoa muito educada.

Exceção no campus, Beatriz, apesar de bastante abalada com a morte do amigo, ressaltou que não se pode abandonar o outro colega agora: "A gente não precisa perder duas pessoas, o Fábio está precisando de ajuda".

REVOLTA

Porém, a maioria dos alunos estava revoltada com a morte do colega que "pagava para não entrar em uma briga". "O Rafael era uma pessoa muito articulada", disse Paulo Fávaro Gomes e Silva. O amigo afirmou que Rafael teve participação destacada na greve da USP, ocorrida no início do semestre, e participava de uma das chapas candidatas à próxima eleição do Centro Acadêmico da ECA.

A produtora Silvana Pires conta que os funcionários da emissora também não conseguiam entender o crime. "Rafael era um rapaz que chegava de manhã e cumprimentava cada um de nós. A mãe dele ligava para cá quase todos os dias e ele era muito carinhoso com ela."

A família de Fábio mora num prédio de classe média no Cambuci, zona sul. A reportagem do Estado tentou falar com a família por telefone, mas uma mulher que atendeu disse que, por enquanto, ninguém tinha comentários a fazer. O porteiro do prédio disse que os pais de Fábio não estavam em casa na tarde de ontem.