Título: Apreensão de R$ 2 milhões foi marcada por vários erros da polícia
Autor: Clarissa Thomé
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/10/2005, Metrópole, p. C6

A apreensão de cerca de R$ 2 milhões na Operação Caravelas ficou marcada pelo furto e pelos erros da Polícia Federal. O dinheiro apreendido não foi depositado no banco, ficou em uma sala-cofre nos fundos da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE). A segurança no local não foi reforçada - o arrombamento de seis portas, constatado no local, foi uma farsa para confundir os investigadores. A chave da sala-cofre ficou guardada no armário do chefe do cartório. Não foram feitas cópias das notas, como determina resolução normativa de 18 de julho de 2005. Uma faxineira varreu o local do crime, antes da chegada da perícia. O escrivão Fábio Kair, que apontou supostos responsáveis pelo furto em depoimento à Justiça Federal, acusou seis agentes e um informante de pertencerem a uma quadrilha que desviava cocaína pura apreendida pela PF para traficantes de favelas da cidade. Os roubos ocorridos durante o cumprimento de mandados de busca e apreensão eram classificados internamente como "espólio de guerra". Kahir está preso, sob proteção - ele decidiu colaborar para obter o benefício da delação premiada (redução da pena em troca de informações).

Em seu depoimento, ele também relatou o roubo de 23 cheques durante uma operação da PF em uma rinha de galos, no ano passado, que levou à prisão do publicitário Duda Mendonça. O diretor-geral da PF, Paulo Lacerda, admitiu que agentes com patrimônio incompatível com os rendimentos declarados teriam participação em roubos, arrombamentos e assassinatos.