Título: PF recupera parte dos euros roubados
Autor: Clarissa Thomé
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/10/2005, Metrópole, p. C6

A Polícia Federal recuperou ontem parte do dinheiro furtado na superintendência do Rio, no último dia 19. As notas de euro foram colocadas num saco plástico e abandonadas próximas a um arbusto na Praça Afonso Pena, na Tijuca, na zona norte. Foram recuperados 246.020 (cerca de R$ 670 mil). Ainda faltam ser encontrados 431.210, US$ 63.204 e R$ 21.905 do dinheiro apreendido na Operação Caravelas, que desarticulou uma quadrilha de tráfico internacional de drogas - cerca de R$ 2 milhões, no total. Para recuperar o dinheiro, foi montada uma operação cinematográfica. Uma ligação anônima feita pela manhã indicou a região em que a sacola seria abandonada. Vinte agentes seguiram para a Tijuca. Alguns filmavam à distância. Às 14h30, novo telefonema confirmou o local exato em que o dinheiro estava. A polícia levou dois minutos para chegar à praça. Ao voltarem para a superintendência, os agentes comemoraram a apreensão com abraços.

A pessoa que estava com os euros entregou as notas depois que aumentou a pressão em torno do agente Marcos Paulo Rocha, já preso. Uma mulher próxima ao policial, cuja identidade não foi revelada, prestou depoimento entre a noite de quinta e a madrugada de ontem. Ela forneceu a identidade de um policial civil, amigo de Rocha, que foi interrogado na madrugada.

"Não existe dúvida de que o dinheiro foi entregue hoje em razão da pressão dessa madrugada. Os últimos cinco dias foram importantes, mas essa madrugada foi crucial", afirmou o delegado Alessandro Moretti, de São Paulo, que investiga o furto. É provável que o dinheiro tenha sido entregue para aliviar a pressão sobre a mulher de Rocha, cuja prisão temporária foi decretada há uma semana.

Rocha, que está preso no Presídio Ary Franco, foi levado ontem para a sede da superintendência para depor. Moretti informou que Rocha seria indiciado ainda ontem por peculato e formação de quadrilha.

Rocha responde também por homicídio e pelo sumiço de drogas do cofre da PF.Segundo Moretti, o furto do dinheiro foi cometido por Rocha e Ubirajara Saldanha Maia, o Bira, informante do agente. Bira entrou e saiu da superintendência no porta-malas do carro de Rocha. O informante recebeu os dólares. Bira ficou com os euros e dividiu a quantia entre várias pessoas, para dificultar a atuação da polícia. "Essas pessoas serão indiciadas por ocultação de produto do crime", informou Moretti. O escrivão Fábio Marot Kair, que acusou Rocha do furto em depoimento, pode ser indiciado por facilitação.

SEGURANÇA

Dessa vez, a PF fotocopiou o dinheiro apreendido. Os euros ficarão armazenados num cofre da superintendência, guardados durante 24 horas por agentes federais. Nada disso foi feito na primeira apreensão. O delegado Moretti reconheceu que será mais difícil recuperar o restante do dinheiro.