Título: Cidade se prepara para enchentes
Autor: Daniel Gonzales
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/10/2005, Metrópole, p. C5

Prefeitura e Estado dizem que obras não foram suficientes: Pirajuçara e Aricanduva correm o risco de enfrentarem problemas

Com a temporada das chuvas se aproximando, os paulistanos começam a se preparar para o inevitável: as enchentes. Quem vive nas áreas de maior risco instala comportas nos portões, tapões nos ralos e reza para que o filme de todos os anos não se repita. Prefeitura e Estado, dentro das limitações orçamentárias, fizeram suas obras e limparam parte dos bueiros, bocas-de-lobo e galerias que atravessam a cidade. Mas, mesmo assim, alertam: não têm esperança de que a capital atravesse incólume mais esse período.

Há áreas com maior potencial de problemas, segundo a Prefeitura: o entorno do Córrego Aricanduva, na zona leste - palco de uma enchente há uma semana - a região do Córrego Pirajuçara, na zona sul, e o Vale do Anhangabaú, no centro. Para elas, além da manutenção normal executada ao longo do ano, só projetos de novas obras - mas elas não estarão prontas para este verão.

Para o Aricanduva, as Secretarias Municipais de Infra-Estrutura Urbana e Obras (Siurb) e de Coordenação das Subprefeituras estão planejando a construção de mais três piscinões. "Parte do problema do Aricanduva vem do fato de que há muitas pessoas estabelecidas em ruas que ficam abaixo do nível do córrego", diz o engenheiro Domingos Gonçalves, coordenador de drenagem da Secretaria das Subprefeituras.

No Pirajuçara, a Prefeitura promete publicar ainda este ano decreto tornando de utilidade pública uma área conhecida como a antiga Sharp. O terreno será entregue por convênio ao governo do Estado, que se encarregará da construção de dois reservatórios. Há também projeto estadual de outros três reservatórios na área, em Taboão da Serra.

A canalização do Pirajuçara está em andamento e deve ser concluída até dezembro. "Com a finalização da obra, o desempenho hidráulico do piscinão vai melhorar", diz João Leopoldo, secretário-executivo do Programa de Canalizações (Procav 2). O investimento total é de R$ 6,5 milhões.

Os números da limpeza executada pela Secretaria das Subprefeituras em bueiros, bocas-de-lobo e galerias, outro trabalho fundamental para prevenir enchentes, não são muito animadores. De 1º de janeiro a 11 de outubro, foram visitadas para limpeza 199.398 das 397 mil bocas-de-lobo da cidade, ou 50,22% do total. A limpeza em ramais e poços de visita também foi executada em metade desses pontos.

"O trabalho está sendo intensificado e pretendemos atingir 500 mil limpezas de bocas-de-lobo até o fim do ano, com algumas sendo visitadas mais de uma vez", promete o coordenador. A capital tem 14 piscinões preparados para enfrentar as águas. Segundo a secretaria, sua limpeza é constante, mas a reportagem observou o acúmulo de lixo e sujeira em sete reservatórios visitados na semana passada (Veja abaixo).

A novidade vem sendo o uso do bag - uma espécie de cesta onde o lodo removido por escavadeiras é armazenado nas margens dos reservatórios. O sistema impede que a sujeira volte para o fundo do piscinão em caso de chuva, permitindo o escoamento apenas da água.