Título: Estudo diz que cesariana é uma 'epidemia desnecessária'
Autor: Ricardo Westin
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/10/2005, Vida&, p. A13

MORTES EVITÁVEIS: Um estudo realizado pela Faculdade de Medicina de Jundiaí, no interior de São Paulo, concluiu que existe excesso de cesarianas no Brasil. Para os pesquisadores, trata-se de uma "epidemia desnecessária". Segundo o estudo, 90% das mulheres grávidas pela primeira vez preferem dar à luz de forma natural. Mas dados do Ministério da Saúde mostram que o índice de partos normais em 2004 foi de 72,5%. Muitos médicos não levam em conta o desejo das mães, concluem os pesquisadores. A taxa de cesarianas no Brasil, de 27,5%, está muito acima da máxima admitida pela Organização Mundial da Saúde (OMS), de 15%.

Ainda segundo a pesquisa da faculdade, 28,5% das mortes maternas não ocorreriam se o número de cesarianas fosse reduzido. Em 2002, de acordo com o Ministério da Saúde, 1.638 parturientes morreram no País.

O Conselho de Medicina de São Paulo reconhece que os obstetras exageram nas cesarianas. "Mas isso não é justificativa para entregar o parto a pessoas não qualificadas", diz o presidente, Isac Jorge Filho, sobre as casas de parto normal, conduzidas por enfermeiras.

O Conselho Regional de Enfermagem responde afirmando que, diante de possíveis emergências, as casas de parto têm uma ambulância de prontidão. "O risco sempre existe, na casa de parto e no hospital", afirma o enfermeiro Cláudio Alves Porto.

A atenção ao parto pode ser dividida em três grupos. O modelo que depende de medicamentos e tecnologia, do qual o Brasil faz parte, é liderado pelos Estados Unidos. O humanizado (parto normal) predomina em países como Holanda, Nova Zelândia e Suécia. O modelo misto é adotado na Inglaterra, no Canadá e no Japão, por exemplo.