Título: Alckmin põe o pé na estrada atrás de apoio
Autor: Ribamar Oliveira
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/10/2005, Nacional, p. A7

Em viagens pelo País, ele tenta tornar seu nome conhecido e viabilizar candidatura

Discretamente, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) põe o pé na estrada. Interessado em se viabilizar como candidato dos tucanos para a eleição presidencial do próximo ano, que será escolhido em março, Alckmin acelerou as viagens pelo País para contatos com lideranças políticas e empresariais com duplo objetivo: tornar seu nome mais conhecido além das divisas paulistas - ponto fraco, na comparação com o prefeito José Serra, outro presidenciável tucano - e agregar apoios. Nas últimas jornadas, Alckmin investiu em territórios do PFL, partido em quem os tucanos estão apostando fichas para costurar uma aliança nacional para 2006. Na última segunda-feira, o governador foi a Salvador para uma palestra a empresários, em que misturou ataques à "baixa eficiência" da gestão Lula a elogios aos governos da Bahia, Estado administrado desde 1991 pelo grupo político do senador Antonio Carlos Magalhães (PFL) - comensal de um jantar organizado, dois dias antes, em São Paulo, por Serra. "Ele (Alckmin) causou boa impressão", retribui ACM.

Na semana anterior, a caravana de Alckmin havia aportado no Rio de Janeiro, para uma visita ao prefeito César Maia, nome que o PFL havia cogitado inicialmente para ser o candidato do partido ao Palácio do Planalto. Saiu de lá com uma declaração de Maia a favor do apoio dos pefelistas a um candidato tucano. O próximo destino do governador deverá ser o Pará, governado pelo correligionário Simão Jatene. "Ele está se exibindo", admite o marqueteiro Luiz Gonzalez, que fez a campanha de Alckmin para o governo paulista em 2002 e lhe dá conselhos na área de comunicação. Cada viagem, além de contatos com lideranças políticas, rende exposição pública, atrai cobertura da mídia regional e ajuda no esforço de tentar nacionalizar o nome do governador.

"O candidato do PSDB, provavelmente, será paulista, mas é preciso que tenha um discurso bem brasileiro", receita o senador Arthur Virgílio (AM), preocupado em equilibrar regionalmente a próxima chapa tucana. Com 14% das intenções de voto num cenário de confronto contra o presidente Lula e o secretário de governo do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho (PMDB), segundo última pesquisa CNI/Ibope, Alckmin concentra seus potenciais eleitores no Sudeste, onde alcança 23%, enquanto Lula tem 28%. No Norte e Centro-Oeste, ele chega a 8% e Lula, a 33%. No Nordeste, cai para 6%, ante 52% do presidente. Beneficiado pela lembrança da disputa na última eleição presidencial, Serra tem seus 30% de intenção de votos bem distribuídos por todas as regiões do País.

Apesar dos objetivos eleitorais, o governador procura associar suas incursões fora de São Paulo a encontros partidários, nos fins de semana, e a ações administrativas. As viagens também ocorrem conforme aparecem os convites.