Título: Para tucanos, PT declarou guerra
Autor: Carlos Marchi
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/10/2005, Nacional, p. A4

A pouco menos de um ano da sucessão presidencial, o PSDB encarou os ataques do novo presidente eleito do PT, Ricardo Berzoini, ao governo FHC como uma "declaração de guerra antecipada" e descartou qualquer diálogo com o partido. Anteontem, Berzoini afirmou que as atuais denúncias contra o PT e o governo Lula "não têm comparação" com casos não apurados a fundo no governo passado, como a compra de votos para a emenda da reeleição e as privatizações nos setores energético e de telefonia. Berzoini também levantou suspeitas sobre o fato de o ex-ministro da Fazenda Pedro Malan ser hoje a presidente do conselho administrativo do Unibanco, que foi ajudado pelo Proer a comprar o Banco Nacional. "É no mínimo estranho", declarou.

A resposta tucana foi dura. "Estamos diante de um burocrata insensível e arrogante, que ousa falar em diálogo, mas admite alianças com mensalistas dentro e fora do PT", avaliou ontem o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM). O presidente petista age "como réu confesso", comparou. "Se tem gente mais corrupta, então posso ser corrupto?", ironizou. Para o líder tucano na Câmara, Alberto Goldman (SP), Berzoini tenta "nivelar por baixo" todos os partidos. "Não somos iguais, felizmente."

Segundo Goldman, não há clima para diálogo com o PT e o governo Lula. O desfecho da Medida Provisória 252, a MP do Bem, que caiu sem que a Câmara a votasse, é exemplo disso. "Berzoini agiu levianamente, declarou guerra", reclamou. "Está provado que se formou nesse governo uma enorme quadrilha comandada pelo PT usando instrumentos do governo para tirar dinheiro público e comprar deputados e partidos." Ao saber da reação tucana, Berzoini comemorou. "Demonstra que o PT está na ofensiva e colocando o PSDB na defensiva."

O ex-ministro Pedro Malan anunciou que entrará na Justiça contra Berzoini, que "não tem autoridade" para lhe dar "lições de ética" ou "estatura para dar lições de moral".