Título: No quinto mês da crise, prestígio de Lula ensaia recuperação
Autor: Carlos Marchi
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/10/2005, Nacional, p. A4

A avaliação do governo pelo eleitorado brasileiro teve uma tímida melhora, depois de cair acentuadamente durante os três primeiros meses do escândalo do mensalão e estabilizar-se no quarto mês, mostrou pesquisa do Ibope divulgada ontem pela TV Globo. A avaliação positiva (ótimo/bom) subiu 1 ponto porcentual e a negativa (ruim/péssimo) caiu 4. Os que dizem confiar no presidente eram 44% e agora são 46%; os que dizem não confiar eram 51% e agora são 49%. Ainda assim, o número de brasileiros que não confia em Lula é maior (49%) do que os que confiam (46%). Na simulação da eleição presidencial, Lula segue embolado com o prefeito de São Paulo, José Serra (PSDB), na preferência do eleitorado brasileiro. No mês passado, Lula vencia no primeiro turno por 33% a 30% e agora há um típico empate técnico: Lula tem 31% a 30%. Contra o governador paulista Geraldo Alckmin (PSDB), a vantagem de Lula se reduziu um pouco. Na simulação de segundo turno, Lula melhorou seu desempenho frente a Serra: continua perdendo, mas reduziu a diferença, que era de 9 pontos porcentuais, para 6 pontos.

COLUNA DO MEIO

A soma da avaliação negativa do governo Lula, que era de 32 pontos porcentuais, em setembro, caiu para 28 pontos, em outubro; e a soma da avaliação positiva, que era de 29 pontos, subiu para 30. Esses 4 pontos porcentuais aparentemente migraram para a avaliação regular, que pulou de 36%, em setembro, para 41%, agora. De uma forma geral, a pesquisa mostrou que uma parcela que avaliava mal o governo migrou para a avaliação regular.

O governo conseguiu melhorar um pouco a sua aprovação (45% em setembro, 46% agora) e fazer cair a desaprovação (49% em setembro, 46% agora). Mas no teto salarial, a faixa dos que ganham mais de 10 salários mínimos, houve nova e acentuada piora: a aprovação caiu 6 pontos porcentuais e a desaprovação subiu 5. A melhora mais notória foi na faixa dos que ganham entre 1 e 2 salários mínimos, na qual a aprovação subiu 6 pontos porcentuais e a desaprovação caiu 5.

O presidente Lula conseguiu conquistar mais confiança entre os que têm o ensino médio. Nessa faixa, os que confiavam nele eram 36% em setembro e agora são 40%; e os que não confiavam eram 59% e agora são 56%. Outra pequena melhora foi na faixa dos que têm até a 4.ª série do ensino fundamental: nela, os 53% que antes confiavam agora são 54%; e os 43% que não confiavam agora são 40%.

A região que mais confia em Lula, disparado, é o Nordeste (59%); e a que menos confia é o Sul (56%). No item confiança o presidente conseguiu melhorar no Nordeste e no Sudeste (que antes lhe era mais hostil), mas piorou no Norte/Centro-Oeste e, mais uma vez, no Sul.

O governo conseguiu melhorar mais acentuada na avaliação popular sobre seu desempenho nas cidades de mais de 100 mil habitantes. Nelas, a soma de ótimo/bom era de 25 pontos porcentuais em setembro e atingiu, em outubro, os 27 pontos; e a soma de ruim/péssimo, que era de 37 pontos, caiu para 32.

EMPATE TÉCNICO

Na simulação da eleição presidencial, Lula continua vencendo Serra no primeiro turno, mas a diferença se reduziu: era 33% a 30% em setembro e agora deu um típico empate técnico - 31% a 30% para o presidente. Lula ganha entre os homens (35% a 30%), e Serra, entre as mulheres (30% a 28%). Mas no segundo turno Serra continua vencendo, embora com margem menor: era 44% a 35% e agora é 44% a 38%.

Contra Alckmin, em setembro Lula vencia por 35% a 14% e agora tem 33% a 14%. No segundo turno, vencia por 42% a 31% e agora vence por 43% a 33%. Contra o governador Aécio Neves (PSDB), de Minas, Lula vence nos dois turnos. A pesquisa consultou 2.002 eleitores em 143 municípios, com margem de erro de 2,2 pontos porcentuais.