Título: PT pede cassação de Lorenzoni
Autor: Mariângela Gallucci
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/10/2005, Nacional, p. A8

O PT pediu ontem ao Conselho de Ética da Câmara a abertura de processo de cassação do deputado Onyx Lorenzoni (PFL-RS). O PT o acusa de ferir o decoro parlamentar ao divulgar de forma distorcida dados sigilosos do deputado José Dirceu (PT-SP), obtidos pela CPI dos Correios. Além disso, diz que Lorenzoni acusou Dirceu de crime de responsabilidade ao referir-se a um suposto empréstimo que não teria existido. "Em seu desvario, Lorenzoni faz ilações e interpretações da legislação eleitoral, fiscal, penal e administrativa", acusa a representação do PT. O pefelista, prossegue, abusou das prerrogativas de deputado porque "fez chegar à imprensa, de forma absolutamente precipitada e irresponsável, distorção que não resiste à mais singela verificação." Na semana passada, Lorenzoni disse que Dirceu não declarou à Receita empréstimo de cerca de R$ 14 mil que o PT lhe teria feito, nem o posterior pagamento em parcelas. O dinheiro do empréstimo, segundo ele, viria do Fundo Partidário.

A direção do PT e Dirceu garantem que não houve empréstimo e pagamento, e sim a devolução de sobra de verba entregue ao deputado para despesas de viagens feitas como dirigente do PT. "O parlamentar tem de apresentar denúncia com fatos e não tratar o partido de forma leviana. As pessoas têm de ter responsabilidade", criticou o deputado Wasny de Roure (PT-DF), que protocolou o pedido de cassação no conselho.

O presidente do PT, Tarso Genro, assina a representação, que foi protocolada às vésperas do julgamento pelo conselho do pedido de cassação de Dirceu. Como é iniciativa partidária, a representação pode ser enviada ao conselho sem análise prévia da Corregedoria da Câmara.

O líder do PFL, Rodrigo Maia (RJ), e Lorenzoni consideram a ação do PT uma tentativa de intimidar o deputado por sua atuação na CPI dos Correios. Lorenzoni disse estar tranqüilo, porque tomou todo o cuidado quando teve acesso aos dados e agiu rigorosamente dentro do código de ética parlamentar.