Título: Prática de decapitar rivais é marca do PCC
Autor: Rita Magalhães e Josmar Josino
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/10/2005, Metrópole, p. C1

O hábito de cortar cabeças dos desafetos no sistema prisional foi uma invenção do PCC, mais precisamente de um dos líderes do grupo criminoso, César Augusto Roris, o Cesinha. Ele foi acusado de matar assim um rival em 1991, o que provocou sua internação no Centro de Readaptação Penitenciária (CRP) de Taubaté, onde o PCC foi seria fundado dois anos mais tarde. Cesinha então fez do seu exemplo quase uma norma para a facção criminosa. Já no crime de estréia do PCC, a morte dos presos Severo Amâncio Barbosa, o Baiano Severo, e Willian Garcia de Camargo, as vítimas tiveram até seus corações arrancados pelos matadores. Era 1993. Os dois foram mortos por fundadores do PCC no CRP de Taubaté.

O ritual do corte de cabeças esteve presente no mais importante episódio da guerra de presos dos presídios paulistas: a rebelião que destruiu o CRP de Taubaté, em 1999. Nela o PCC liquidou os mais ativos integrantes da principal facção rival, o CRBC. Dos nove presos assassinados pela liderança do PCC, três foram decapitados.

Eram Max Luis Gusmão de Oliveira, o Dentinho, Ademar dos Santos, o Da Fé, e Antonio Carlos dos Santos, o Bicho Feio, todos fundadores do CRBC. Dentinho ficara famoso nos anos 80 por matar uma menina num roubo a banco em São Caetano do Sul. O motivo? A menina não parava de chorar.

Em junho deste ano, presos do PCC decapitaram cinco desafetos numa rebelião na Penitenciária 1 de Presidente Venceslau. Todas foram postas no teto da prisão e uma delas foi colocada na ponta de uma vara com a qual os bandidos a exibiam. Agora, foi a vez do CRBC reservar o mesmo tratamento para um rival.