Título: Erro em folheto confunde católicos
Autor: Mariângela Gallucci
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/10/2005, Metrópole, p. C4

O padre Juarez Pedro de Castro, secretário de Comunicação da Arquidiocese de São Paulo, passou horas ontem respondendo a reclamações de padres e fiéis que foram à missa no domingo em todo o Estado. Só e-mails foram 50. O alvo das críticas era um trecho na oração publicada no folheto Povo de Deus: "Para que, no plebiscito, do dia 23 o povo brasileiro diga NÃO às armas, colaborando assim, para uma crescente cultura de Paz, rezemos." Além de erros com vírgulas e de trocar referendo por plebiscito, o texto deixou muita gente confusa, já que no referendo quem é contra a venda de armas deve votar sim. O folheto tem tiragem de 110 mil exemplares, distribuídos em 280 paróquias, e é lido por 600 mil pessoas.

"Foi um erro crasso de redação, pois dá a impressão de que a Igreja está fazendo propaganda pelo não, enquanto nossa posição é exatamente o contrário", admitiu o padre Juarez. "Somos claramente pelo sim e pelo desarmamento, o que está registrado em cem outdoors espalhados pela cidade."

O problema é que é difícil consertar o estrago, já que o referendo será no domingo. A esperança da arquidiocese é de que os católicos tomem como base outra parte do folheto, que traz citações da Bíblia - como uma de Jesus: "Põe a tua espada na bainha, porque todo aquele que age pela espada morrerá" -, além de 12 razões para votar sim. Entre elas, o fato de as armas em casa representarem muitas vezes mais risco do que proteção e de transformarem conflitos banais em tragédias.

CNBB

Ontem, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) voltou a conclamar os fiéis a votar sim. Em nota, lembra que apenas em 2002 38 mil pessoas foram mortas, o que representa uma vida a cada 14 minutos.