Título: Resultado de exames dos animais ainda vai demorar
Autor: Fabíola Salvador
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/10/2005, Economia & Negócios, p. B1

O coordenador do Laboratório Nacional Agropecuário (Lanagro), de Belém do Pará - responsável pela investigação de novos focos de aftosa em Mato Grosso do Sul -, Airton Nogueira, disse ontem que as análises que confirmarão os novos focos na região Sul do Estado ainda podem demorar. Segundo ele, as metodologias de análise para averiguação mais rápida da contaminação não deram resultados. Além do foco confirmado pelo Lanagro de Recife (PE), que levou ao abate 582 reses e sete suínos na Fazenda Vezozzo, em Eldorado (MS), nenhum outro material recolhido na região tem conclusão definitiva sobre novos focos. Neste caso, o drama vivido pelo Estado tem acelerado conclusões. Mesmo sem o resultado definitivo, a Agência Estadual de Defesa Animal e Vegetal de Mato Grosso do Sul (Iagro) determinou o abate de 280 reses na fazenda Jangada, propriedade limítrofe da Fazenda Vezozzo, onde foi encontrado o primeiro foco de aftosa. A outra suspeita recaí sobre propriedades de Japorã. No domingo, o Lanagro de Belém recebeu novos materiais colhidos em animais de propriedades da região. Ainda é cedo para saber as reais dimensões da contaminação.

Embora haja desejo de se conhecer esta informação, Nogueira afirmou que não apressará o trabalho. "Esse é um trabalho muito sério, não pode ser feito às pressas", afirmou. O coordenador preferiu não comentar diretamente a decisão da Iagro de determinar o abate de animais antes das conclusões do trabalho do Lanagro de Belém. De acordo com ele, o laboratório não se envolve com os procedimentos usados para manter a sanidade animal de uma região, mas deixou transparecer que medidas como estas sem conclusões definitivas servem apenas para demonstrar iniciativas de controle. Não falou, mas indicou que são ações mais políticas do que sanitárias. De qualquer forma, afirmou que o Lanagro não alterará o rito necessário para investigar se há contaminação e qual vírus a provocou.

Há um temor de expansão da contaminação na região e a ampliação da área sob quarentena, hoje circunscrita aos municípios de Eldorado, Iguatemi, Japorã, Itaquaraí e Mundo Novo. O mau tempo ontem no sul do Mato Grosso do Sul adiou o abate determinado pelo Iagro. Os técnicos da Agência devem executar o trabalho hoje. Segundo a assessoria de comunicação do Iagro, há indícios de que parte do rebanho da fazenda Jangada esteja contaminado com o vírus da aftosa.

ENCONTROS

Ontem, os cinco prefeitos das cidades sob bloqueio cobraram numa reunião com representantes do governo sul-matogrossense para pedir ajuda econômica. A frente de prefeitos quer que o Estado assegure suporte financeiro às cidades que sobrevivem exclusivamente da pecuária e que agora estão proibidas de produzir e comercializar os produtos. Até o fechamento desta edição a reunião não havia terminado.

Hoje é vez do secretário da Produção e Turismo de Mato Grosso do Sul, Dagoberto Nogueira, e do presidente do Iagro, João Cavalléro, pedir ao governo de São Paulo a imediata suspensão do bloqueio do complexo carne de fora da zona de exclusão comercial, compreendida pelos cinco municípios. O Iagro afirma que boa parte de bois vivos e carcaça processadas em São Paulo tem origem no Mato Grosso do Sul. A proibição de São Paulo para a entrada de bois vivos e carcaça em São Paulo preocupa pelos efeitos econômicos que pode ter no Mato Grosso do Sul.