Título: Na Europa, suspensão pode durar seis meses
Autor: Luciana Nunes Leal
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/10/2005, Economia & Negócios, p. B3

O embargo à carne brasileira na Europa pode provocar mais prejuízos que o esperado pelo governo e pelo setor privado nacional. Assessores da União Européia (UE) confirmaram ontem ao Estado que as restrições contra o produto brasileiro podem permanecer válidas por seis meses.

Isso se o problema da aftosa for resolvido nas regiões que passaram a sofrer o embargo.

"Por nossas regulamentações, a próxima avaliação do caso das carnes brasileiras ocorrerá em seis meses e não temos, no momento, planos de antecipar essa revisão", afirmou a assessoria da Comissão de Saúde e Proteção Animal da União Européia.

Na semana passada, Bruxelas tomou a decisão de vetar a carne brasileira dos Estados de Mato Grosso do Sul, Paraná e São Paulo. Uma votação foi realizada entre os veterinários de cada um dos 25 países do bloco europeu que decidiu pela suspensão do produto.

Pelas regras da União Européia, o embargo será válido por seis meses, ainda que haja a possibilidade de uma decisão reverter a situação.

No caso brasileiro, os técnicos alertam que não existe no momento qualquer disposição em antecipar para uma data mais próxima a avaliação do País.

MAIS INFORMAÇÕES

Uma das possibilidades de uma revisão antecipada seria no caso de o Brasil fornecer novas informações aos europeus provando que a situação já não apresenta riscos.

Autoridades de Bruxelas também solicitam do governo brasileiro novas informações, mas deixam claro que isso não significa que haverá uma antecipação da revisão.

Na avaliação dos próprios europeus, o veto será suficiente para impedir a entrada de cerca de 55% ou 60% da carne brasileira exportada pelo País à Europa.

Pelos cálculos europeus, essencialmente realizados pela indústria, 60% dos frigoríficos brasileiros seriam atingidos pela medida.