Título: Meirelles foge do tema Copom e diz que o 'Brasil vai bem'
Autor: Gustavo Freire
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/10/2005, Economia & Negócios, p. B5

Como de hábito nos dias que antecedem as reuniões do Copom, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles evitou falar sobre juros e inflação durante sua participação do 7.º Encontro Anual de Ministros das Finanças e Governadores de Bancos Centrais do G-20, grupo dos principais países ricos e em desenvolvimento. Questionado sobre o tema ao final do evento, limitou-se a dizer que "o Brasil vai bem, está com um crescimento equilibrado". Ele disse que pela primeira vez na história do País a expansão do PIB ocorre por oito trimestres consecutivos, o superávit em conta corrente é "impressionante" e todos os indicadores de solvência seguem na direção certa. Meirelles ressaltou que a porção da dívida pública indexada ao dólar representa hoje cerca de 3% do total, e a dívida externa em relação ao PIB também declinou.

"Houve momentos em que o País cresceu muito ancorado num endividamento externo, ou numa expansão inflacionária de curto prazo, ou num desequilíbrio cambial", disse o presidente do BC. "Agora, todos os mercados brasileiros funcionam normalmente e o investimento vem crescendo".

A alta do petróleo foi avaliada pelos participantes do G-20 como o principal risco para a economia mundial. "O petróleo é hoje o grande desafio para a economia e precisa ser monitorado", disse Meirelles. Mas afirmou que a economia brasileira está lidando bem com o encarecimento da commodity.

SEM MUDANÇA: Um novo corte na taxa Selic, amanhã, pelo Copom, não alteraria a posição de liderança do Brasil no ranking dos maiores juros reais do mundo. Segundo levantamento da consultoria GRC Visão, a taxa brasileira, calculada a partir da Selic menos a inflação projetada para os próximos 12 meses, está em 14% ao ano - o dobro do segundo colocado (China, com 6,3%) e 10 vezes mais que a média mundial, de 1,3% ao ano.

Segundo a GRC, se o Copom promover um corte de apenas 0,25 ponto porcentual, o juro real cairá para 13,91% ao ano. No caso de redução de 0,5 ponto, a taxa real ficará em 13,67%.

Como resultado, ainda conforme a GRC, o Brasil vai crescer bem menos que a média dos países emergentes. Enquanto o PIB daqui vai crescer avançar entre 3,5% e 3,7%, o dos emergentes dará um salto de 6,4% em média.