Título: Redução de subsídios é 'gesto de boa vontade', diz Lula
Autor: Tânia Monteiro
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/10/2005, Economia & Negócios, p. B7

O anúncio pelos Estados Unidos e pela União Européia, na semana passada, de que concordavam em reduzir os subsídios agrícolas à exportação foi comemorado ontem pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante discurso na Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). "Ainda que os volumes anunciados não sejam suficientes, trata-se de um gesto de boa vontade que deve ser valorizado", declarou Lula, em discurso nas comemorações dos 60 anos da instituição. "Saudamos dessa forma a iniciativa dos Estados Unidos e União Européia de reduzir o montante dos subsídios à exportação", declarou Lula, no último dia de sua viagem oficial a Itália. Ele disse esperar que até o final de dezembro esteja fechado o acordo entre União Européia e Mercosul e conclamou os empresários italianos a investirem no Brasil. O presidente brasileiro lembrou que Brasil e Itália estão ligados por laços históricos e defendeu a necessidade de se reforçarem os laços estratégicos entre os dois países. Após observar que o comércio bilateral foi de US$ 5 bilhões em 2004, Lula disse que isto está "aquém das possibilidades" e insistiu, também, na "intensificação dos investimentos recíprocos". Comentou também que a Itália é o quinto maior investidor no Brasil e seus investimentos no Brasil cresceram 300% na última década.

Segundo o presidente Lula, o Brasil está ampliando investimentos na área de infra-estrutura e que espera a cooperação italiana nesses projetos. Ao término de seu discurso, pediu "que os italianos acreditem no Brasil, porque o Brasil acredita na Itália".

Depois do compromisso na FAO, Lula foi recebido com honras de chefe de Estado no Palácio Quirinale, sede da Presidência italiana. Durante a visita, os presidentes Lula e Ciampi, fizeram uma declaração à imprensa, na qual o italiano expressou sua esperança no sentido de que se conclua rapidamente o acordo de associação entre a União Européia (UE) e o Mercosul, com o qual, segundo ele, será progressivamente instituída a maior área de livre comércio do mundo, com 650 milhões de consumidores. Ciampi defendeu ainda as crescentes relações de cooperação entre os dois países em todos os setores.

"A solidez das instituições democráticas, a continuidade de uma política econômica que conjugue rigor e liberalização orientada para o progresso social e para o bem-estar de todos os cidadãos, a riqueza de seus recursos naturais e humanos fazem com que o Brasil seja um pilar da estabilidade regional e mundial", afirmou o presidente italiano, ao elogiar Lula por sua atuação "reformadora" e pela sua "política corajosa", que visa uma distribuição mais equilibrada da riqueza. "A Itália deseja participar do desenvolvimento econômico do Brasil, incrementando as trocas comerciais, promovendo investimentos diretos e estimulando o desenvolvimento de empresas mistas", concluiu Ciampi.