Título: Acordo nuclear com Chávez não é urgente, diz Amorim
Autor: Tânia Monteiro
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/10/2005, Nacional, p. A8

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, minimizou qualquer tipo de problema que possa surgir em decorrência de um possível acordo para uso pacífico da energia nuclear entre Brasil, Argentina e Venezuela. "Não existe acordo, ainda. Há apenas uma idéia. Não recebi proposta específica de acordo, mas repito que estamos abertos à cooperação para fins pacíficos com países que têm demonstrado que desejam fazer essa cooperação e creio que é esse o caso da Venezuela, como o é de outros", afirmou. O ministro ressaltou, também, que "não há uma urgência em fazer o acordo, até porque o Brasil, no campo nuclear, tem de terminar todo o seu desenvolvimento do ciclo do enriquecimento de urânio, e tudo está sendo feito de acordo com a Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea)". "É um tema a ser examinado quando vier uma proposta concreta. No momento, é apenas uma idéia."

Amorim ressaltou, ainda, que todos os países têm direito ao desenvolvimento de tecnologia nuclear para fins pacíficos. "O Brasil também tem que examinar todas as suas ações, nessa área, à luz das prioridades. Nós temos que completar aspectos importantes do nosso próprio programa nuclear."

Domingo, o Estado publicou reportagem mostrando que Brasil, Venezuela e Argentina estudam um acordo de cooperação na área nuclear. Anunciado pelo presidente venezuelano Hugo Chávez, a iniciativa foi confirmada pelo assessor da Presidência para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia. O acordo poderá causar problemas ao Brasil. Chávez possui uma agenda de rearmamento das forças armadas que incomoda os EUA.