Título: Os dois lados preparam boca-de-urna
Autor: Fabiano Rampazzo e Gilse Guedes
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/10/2005, Metrópole, p. C3

De olho nos indecisos, que podem chegar a 30% do eleitorado, organizações não-governamentais farão carreatas amanhã em várias cidades do País e boca-de-urna no domingo em favor do voto no sim no referendo. Fontes do grupo que defende o não no referendo disseram ao Estado que também farão boca-de-urna, embora o presidente da Frente pelo Direito à Legítima Defesa, deputado Alberto Fraga (PFL-DF), garanta que isso não vai ocorrer. Donos de lojas de armas estão distribuindo panfletos em São Paulo, mas prometeram encerrar a mobilização amanhã. "Coloquei meus funcionários para panfletar aqui na Praça da República. Fui ao comitê da frente, peguei 8 mil panfletos e estamos empenhados na campanha", disse Sérgio Maresca, dono da loja de armas Ao Gaúcho, que existe há 80 anos no centro de São Paulo.

Essa ação encampada por Maresca é proibida no dia da eleição. "Qualquer entrega de panfletos, ou mesmo abordagem sem material, mas no intuito de persuadir o eleitor no dia da votação, é caracterizada como boca-de-urna, é crime", disse a assessora de Imprensa do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo, Eliana Passareli. "Se a boca-de-urna ocorrer, será punida com prisão em flagrante", afirmou o presidente do TRE-SP, Álvaro Lazzarini.

Em Brasília, o Comitê Nacional de Vítimas de Violência (Convive) mandou imprimir material para que voluntários façam boca-de-urna na capital. Serão impressas as principais mensagens da campanha do sim: a defesa do direito à vida e dados que mostram que 60% dos crimes no Brasil são cometidos com armas de fogo.

No Rio, a ONG Viva Rio vai mobilizar parlamentares que apóiam o veto ao comércio. Deputados sairão as ruas no domingo pedindo votos para o sim.

Fraga disse que boca-de-urna é coisa de partidos de esquerda - alinhados, segundo ele, com o sim. "Nós não fazemos isso." Mas o site da campanha pede aos simpatizantes que estendam faixas em imóveis em pontos estratégicos, preferencialmente perto dos locais de votação e nos corredores de trânsito.