Título: Humanos não correm risco, diz ministério
Autor: Agnaldo Brito
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/10/2005, Economia & Negócios, p. B6

Carne pode ser consumida sem problema; leite deve ser pasteurizado

Temendo queda no consumo de carnes e leite por causa da aftosa, o Ministério da Agricultura divulgou nota ontem esclarecendo que a doença não representa risco para a saúde humana. A infecção foi comprovada em humanos na década de 30, mas os casos são raros, sustenta o ministério. Em todo o mundo, há registro de apenas 40 casos - boa parte deles decorrente de acidentes em laboratórios.

"Em adultos, a infecção clínica é rara e provavelmente está associada a uma sensibilidade excepcional, de origem desconhecida", informaram técnicos da Secretaria de Defesa Agropecuária.

Há consenso na comunidade científica de que "a febre aftosa é uma infecção de animais; o homem é um hospedeiro acidental que raras vezes se infecta e adoece".

Técnico da secretaria admitiu que humanos podem contrair a doença, mas explicou que, no homem, a aftosa é curada em até duas semanas. Os sintomas são febre e dor de cabeça, no início. Depois, podem aparecer aftas na boca, mãos e pés. Por se tratar de uma virose, o tratamento é sintomático. Ou seja, são utilizados medicamentos para amenizar a febre e as aftas - tratamento que deve ser aplicado para evitar uma infecção bacteriana secundária.

"Pode-se dizer, com segurança, que a febre aftosa é um problema essencialmente econômico e social", informou o departamento.

LEITE

O ministério alertou, entretanto, para o risco de ingestão de leite cru, retirado de vacas enfermas. "Evidências circunstanciais sugerem que crianças podem adoecer se ingerirem leite cru. Isso pode ser evitado com o consumo de leite pasteurizado ou submetido à fervura, recomendação importante para prevenção de muitas outras doenças transmitidas pelo produto."

No caso dos animais infectados, os danos são mais graves. Eles têm dificuldades para comer e se locomover e perdem peso. Aftas no úbere das vacas não permitem a ordenha ou a amamentação dos bezerros. O pecuarista é obrigado a abater os animais.

Se o rebanho é pequeno, é feito o chamado abate sanitário, ou seja, o lote doente é enviado ao frigorífico para o abate. A carne, nesse caso, pode ser destinada ao consumo humano. No caso dos focos surgidos no Mato Grosso do Sul, o tratamento é outro porque se tratam de grandes rebanhos. Lá, os animais estão sendo sacrificados e enterrados em valas.

O ministério esclareceu ainda que o papel mais importante do homem em episódios de febre aftosa é a possibilidade de transmissão indireta do vírus a animais sadios por meio de roupas, calçados e mãos contaminadas, já que o agente pode sobreviver durante vários dias no meio externo.