Título: OS PRINCIPAIS TRECHOS DO DISCURSO DO PRESIDENTE LULA
Autor: Leonencio Nossa e Lisandra Paraguassú
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/10/2005, Nacional, p. A8

ASSISTENCIALISMO: "Quando fui fundar o PT, e ia conversar com os mais ideologizados, que vinham da militância política do passado, o que me irritava profundamente era alguém perguntar: é tático ou estratégico? Eu lá sabia se eu queria tático ou estratégico, eu queria um partido. Nesse caso aqui, o que menos me incomoda é saber se (o Bolsa Família) é assistencialista ou não. O que me incomoda é saber se as crianças estão tomando café, almoçando e jantando. Se entrar no debate academicista, não vai terminar nunca."

EXEMPLO: "O que é importante, e é esse o compromisso que eu assumi com a minha consciência, é que nós temos de dar o exemplo. Essa é a coisa mais fantástica, vocês darem o exemplo. E, a cada vez que chegarmos para debater em algum lugar do mundo, a gente poder dizer: é possível. É possível fazer isso, aquilo. Por quê? Porque nós fizemos."

EXPERIÊNCIA: "Esse é um trabalho sério. Por que é sério? Porque combater a fome não é uma tarefa fácil. Primeiro, quem tem fome tem vergonha de dizer. O (Luiz) Marinho está lembrado do famoso discurso que fazíamos na porta de fábrica, que o trabalhador tinha vergonha. Você, no domingo, visitando o trabalhador, ele não tinha um pedaço de carne para colocar na mesa, mas, se você perguntasse: 'Você está comendo carne?', ele falava 'estou'. Ninguém reconhecerá para um amigo, um namorado, que não teve o que comer."

CLASSE MÉDIA: "Muita gente fala: 'Ah! Mas poderia estar atendendo a classe média.' O programa Bolsa Família é para atender a classe média. O resultado final é atender aqueles que pagam impostos no Brasil, porque, quanto mais crianças comerem, menos crianças teremos na rua. Quanto mais adolescentes estiverem na escola, menos adolescentes teremos na rua ou na criminalidade. Quanto mais crianças estiverem comendo na escola, menos pessoas nós vamos ter cometendo delitos e pequenos delitos, tornando-se marginais. Então, no fundo, o ganhador de tudo não é a pessoa que recebe, é a sociedade."

FRAUDES: "De vez em quando, alguém vai pegar uma falha numa cidadezinha qualquer e vai tentar dar dimensão nacional, não vai nem especificar, porque no Brasil é assim: quando as coisas são boas, eles não especificam e não dizem nem o nome de quem fez; quando são ruins, eles nacionalizam e fica muito difícil as pessoas que estão em casa, que não sabem do programa, entenderem."

VIAGENS: "O que nós precisamos ter claro é que nós precisamos viajar o mundo e ir convencendo as pessoas, viajar o Brasil e ir convencendo as pessoas para que a gente possa consolidar (o projeto). Eu ouvi aqui, tanto do Banco Mundial, quanto do representante das Nações Unidas, que, sem dúvida nenhuma, esse já é o mais importante programa de transferência de renda do mundo."

CONTROLE: "Eu acho que a gente, dando dinheiro para a mãe, tem a certeza de que o dinheiro vai cumprir a sua finalidade. A mãe não vai ter a vontade de passar na casa lotérica e gastar R$ 2, apostando. Se tiver frio, a mãe não vai ter vontade de parar: 'Mas deixa eu tirar aqui um realzinho e tomar um aperitivozinho porque está muito frio.' A mãe nunca terá essa vontade. A mãe sabe o que é sagrado: a pessoa poder tomar café de manhã, almoçar e jantar. Somente a mãe é que tem noção do que significa crianças agarradas na saia, pedindo as coisas para comer sem ter."

CONSCIÊNCIA: "Nada, Patrus, é mais prazeroso para um ser humano, sobretudo o que faz política, do que, apesar de tudo, deitar todo santo dia com a cabeça no travesseiro e dizer 'hoje valeu a pena governar este país, valeu a pena ser o ministro do Desenvolvimento Social', porque chegar a 8 milhões de famílias, com a certeza de que poderemos chegar a quantas for necessário, e ainda ler no jornal que os juros baixaram, Aloizio Mercadante, saber que o emprego cresceu um pouco."

CRESCIMENTO: "O Brasil nunca mais será o Brasil do acaso, da mágica. Este país será um país grande, respeitado no mundo, na medida em que os seus governantes sejam grandes e se respeitem. É isso que nós estamos conseguindo. E o programa Fome Zero, o programa Bolsa Família, são motivos de orgulho e eu falo de boca cheia em qualquer lugar do mundo. Quem tiver igual, ótimo. Quem tiver melhor, me apresente."