Título: Marinho é acusado de ir a orgia paga pela VW
Autor: Marina Faleiros
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/10/2005, Nacional, p. A10

As acusações de Klaus-Joachim Gebauer, ex-funcionário da Volkswagen alemã investigado por enriquecimento ilícito, agora também atingem o alto escalão do Planalto. Em entrevista ao jornal alemão Die Welt ontem, ele afirmou que o atual ministro do Trabalho do governo Lula, Luiz Marinho, teria participado, em 2001, de uma "orgia" paga pela montadora, em uma viagem à Alemanha. Gebauer foi demitido por ser acusado de articular um esquema que movimentou cerca de 7 milhões com gastos extras para executivos da empresa, o que incluía o pagamento de festas e prostitutas desde 1996. Em setembro deste ano ele passou a dar detalhes sobre o dinheiro usado.

Marinho atravessou o oceano entre os dias 14 e 17 de novembro de 2001 para tentar reverter a demissão de 3 mil trabalhadores na fábrica da montadora em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo. À época, ele era presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e negociou a recontratação dos demitidos diretamente com o vice-presidente de RH da VW.

Na entrevista, Gebauer também acusou o ex-líder de comissões de fábrica, Mário Barbosa, e disse que, "para os altos dirigentes, tudo era organizado com perfeição, com hotéis de luxo e todos os requisitos extras - garotas, inclusive". Ele afirmou que os líderes sindicais visitaram uma casa noturna em Wolfsburg, sede da VW, às custas da empresa. "Cinco garotas dançaram sobre a mesa, deixando os nossos convidados bastante acesos, tanto quanto qualquer homem ficaria."

A Volkswagen do Brasil, por meio de um comunicado, disse que a empresa "reserva-se ao direito de não comentar afirmações feitas por um ex-empregado do Grupo Volkswagen, demitido sumariamente sob a acusação de enriquecimento ilícito". Ressalta ainda que a VW "tem publicamente enfatizado que fará todos os esforços para obter o total esclarecimento dos fatos". "O departamento de Auditoria Interna tem 30 profissionais exclusivamente dedicados a esse trabalho, além de outros 20 auditores externos da KPMG."

O coordenador de comunicação a empresa na Alemanha, Thomas Mickeleit, disse por telefone ao Estado que a matriz também não se pronunciaria. "É preciso ter muito cuidado ao confiar nestas declarações, porque Gebauer não é uma pessoa confiável." Segundo ele, a promotoria está investigando o caso e ainda não há conclusões sobre outros envolvidos no escândalo.

NOTA: O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, disse ontem que vai acionar na Justiça os responsáveis "pelas calúnias e difamações que atentam contra a sua honra".

"Essas acusações, falsas e mentirosas, provocaram-me grande indignação e perplexidade", reagiu o ministro em nota.