Título: Contrariados, promotores apontam motivos que justificariam prisão
Autor: Mariângela Gallucci
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/10/2005, Nacional, p. A12

A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que mandou soltar Paulo Maluf, não surpreendeu a Procuradoria da República e o Ministério Público Estadual, mas procuradores e promotores que nos últimos 5 anos se dedicaram ao cerco implacável ao ex-prefeito não esconderam seu desapontamento. Eles defendem a necessidade da custódia de Maluf por dois motivos: a extensão do dano aos cofres públicos que ele teria causado e a conveniência da instrução criminal , fase do processo em que são tomados os depoimentos das testemunhas e são realizadas novas apurações. A prisão preventiva do ex-prefeito e de seu filho mais velho, Flávio, foi decretada no dia 9 de setembro pela juíza Silvia Rocha, da 2.ª Vara Criminal Federal. A juíza acolheu os argumentos do Ministério Público Federal, que alertou para o fato de que os Maluf estariam interferindo na colheita, produção e resultado de provas.

O Ministério Público Federal reconhece que contra a decisão do plenário do Supremo Tribunal Federal não há contestação possível. O processo contra os Maluf vai prosseguir normalmente. Ainda restam ser ouvidas duas testemunhas arroladas pela acusação. Depois, prestarão depoimento as testemunhas de defesa.

Um procurador federal anotou que a prisão dos Maluf pode ser requerida novamente, "se atentarem contra a instrução do processo ou se for verificado perigo de fuga". O ex-prefeito e seu filho entregaram os passaportes à Justiça Federal em novembro do ano passado, como demonstração de que não pretendem deixar o País.