Título: Ministério nega suspeita de novos focos em MS
Autor: Leonencio Nossa
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/10/2005, Economia & Negócios, p. B3

Numa declaração surpreendente, o secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Gabriel Alves Maciel, negou ontem haver suspeitas de novos focos de aftosa em Mato Grosso do Sul. A negação contrasta com comentários extra-oficiais de técnicos do ministério, anteontem, de que havia suspeitas de mais dez focos em Japorã. Até ontem, o governo havia confirmado cinco focos, mas ontem Maciel afirmou ser um só. "O foco é um só, espalhado pelas propriedades", afirmou. Numa entrevista tumultuada, após reunião com os exportadores de carnes, Maciel nem sequer confirmou a suspeita dos dois focos em Japorã, do qual técnicos falavam desde a semana passada e cujos resultados eram aguardados para o início desta semana.

"Oficialmente, eu não estou sabendo", disse. "Houve realmente essa informação extra-oficialmente." A própria Assessoria de Imprensa do ministério divulgou na terça-feira que a possibilidade de novos focos estava sendo investigada. Indagado sobre as razões da demora na divulgação do resultado dos exames, o secretário respondeu que "está demorando porque não tem mais".

Maciel acrescentou que a estratégia do governo a partir de agora será "o sacrifício" sanitário. "Se tiver sinal clínico, não tem mais o que fazer", disse. "Todos os animais daquela área serão sacrificados."

Ele reafirmou que o fundo privado de Mato Grosso do Sul não é suficiente para indenizar os pecuaristas que tiveram rebanhos abatidos. A questão está sendo tratada por um grupo formado pela iniciativa privada, pelo ministério e o governo local.

O secretário explicou que Lei 569/48 determina a indenização, mas só para animais vacinados que tiverem sintomas da doença. "Estamos trabalhando caso a caso, vamos trabalhar com preço de mercado", afirmou. A arroba do boi vale cerca de R$ 42 em Mato Grosso do Sul. "Haverá indenização para todos os pecuaristas que tiveram rebanhos sacrificados", disse.

O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), Leôncio Brito, explicou que há dois fundos privados no Estado para indenizar os pecuaristas. O Fundo Emergencial de Febre Aftosa (Fesa) tem R$ 4 milhões e o Fundo Estadual de Sanidade Animal (Fesa), R$ 1,2 milhão

MISSÕES

O governo deverá enviar missões aos principais mercados da carne brasileira para explicar as medidas já adotadas para conter o avanço da doença. "Estamos vendo cada caso e, se necessário, mandaremos missões a esses países", resumiu Maciel. Caberá à iniciativa privada elaborar, até a semana que vem, uma lista de países prioritários.

Nessas visitas, disse o secretário, o Brasil mostrará a "transparência" das ações para conter o foco. Ele lembrou que as medidas sanitárias recomendadas pelos organismos internacionais foram tomadas, como isolamento da área e sacrifício sanitário, por exemplo.

Até agora, foram sacrificados 582 animais na Fazenda Vezozzo e 327 na Fazenda Jangada. Nas fazendas onde foram registrados os focos, o rebanho é de cinco mil animais.