Título: Saúde terá R$ 1 bi para combater gripe aviária
Autor: Lígia Formenti
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/10/2005, Vida&, p. A22

Governo acertou a compra do antiviral Tamiflu para 9 milhões de pessoas

O Ministério da Saúde vai reservar R$ 1 bilhão para o plano de contingência que deverá ser colocado em prática no caso de a pandemia de gripe aviária chegar ao País. A verba seria gasta ao longo de um ano na compra de medicamentos, fabricação de vacinas e campanhas educativas. 'O problema não será falta de verba', afirmou o ministro da Saúde, Saraiva Felipe. Pela manhã, o ministro participou de uma reunião para discutir a estratégia brasileira para uma eventual chegada da gripe aviária com representantes de outros setores do governo: Ministério da Agricultura, Casa Civil e Gabinete de Segurança Institucional.

A doença, provocada pelo vírus H5N1, atinge aves em geral, mas já foram registrados mais de 120 casos em seres humanos - com 64 mortes. Quanto mais aves afetadas, maior o risco de o vírus contaminar humanos, sofrer mutações e ser transmitido de uma pessoa para outra. O governo acertou a compra do antiviral Tamiflu, numa quantidade suficiente para tratar 9 milhões de pessoas.

Ainda não está definida quando chegará a primeira remessa do medicamento. Na compra, foram gastos R$ 193 milhões. 'Se a gripe aviária não vier, não perderemos o remédio. Ele poderá ser usado para as complicações de gripe comum', afirmou Saraiva.

O ministério ainda não descartou a possibilidade de comprar apenas o sal do remédio e colocá-lo em cápsulas. 'A compra da forma que fizemos foi tão vantajosa que talvez não seja necessário', disse o secretário de Vigilância do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa.

O plano de contingência preparado pela saúde está em fase de conclusão. Ele prevê ações para dois cenários básicos: a gripe atingindo 20% e 22% da população. 'Dos infectados, 8,4% precisariam ser internados. E deste grupo, 20% necessitaria de cuidados intensivos', estima Barbosa.

Pelas avaliações do ministério, alguns Estados teriam maior risco de ter uma expansão da doença: os localizados na região Sul e Sudeste, por causa do clima e da grande concentração de pessoas. 'A partir do plano de contingência nacional, estratégias locais serão organizadas', disse.

Uma das preocupações é a doença chegar ao País por meio de aves migratórias. As ações a serem tomadas foram discutidas ontem por técnicos do Ministério da Agricultura. Segundo o secretário executivo da Secretaria de Defesa Agropecuária, Inácio Afonso Kroetz, o plano de contingência da gripe aviária precisará do apoio do setor privado. O ministério vai intensificar a vigilância sanitária em portos, aeroportos, granjas e abatedouros do País.