Título: Pré-candidatura de Garotinho atrapalha PMDB governista
Autor: Christiane Samarco
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/10/2005, Nacional, p. A9

O ex-governador do Rio Anthony Garotinho (PMDB) registrou ontem, na sede do PMDB em Brasília, sua pré-candidatura à Presidência. Embora tivesse prazo até 15 de fevereiro para se inscrever às eleições prévias do partido, que escolherá candidato em 5 de março, ele apressou o registro para criar um fato consumado e impedir que a ala governista do PMDB, comandada pelo senador José Sarney (AP) e pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), ensaie uma aliança com o PT para reeleger o presidente Lula. "Sou um osso duro de roer. Quem quiser passar, vai ter de passar por cima porque vou até o fim", disse, sob aplausos dos 200 militantes, parlamentares e prefeitos trazidos do Rio em cinco ônibus. Além dele, são pré-candidatos os governadores Germano Rigotto (RS), Roberto Requião (PR) e Jarbas Vasconcelos (PE). Mas Garotinho insistiu em que trabalhará para unir o partido em torno de seu nome e o vencedor das prévias terá seu apoio, seja quem for.

"Hoje fincamos a bandeira do PMDB rumo ao Planalto", disse o presidente do PMDB, deputado Michel Temer. "Um partido só existe quando disputa eleição. Se não o faz, perde substância e credibilidade." Garotinho fez um discurso de oposição à política econômica e ao governo. "Não queremos mais a ditadura do sistema financeiro."

Em entrevista à Rádio Eldorado ontem, o ex-presidente Itamar Franco argumentou que a disposição de lançar candidatura própria não terá êxito se o PMDB não estiver unido. "Enquanto o PMDB não buscar a sua unidade de partido, vai ser muito difícil ter uma candidatura para dar combate ao que aí está, sobretudo, se o presidente Lula se candidatar à reeleição."