Título: Oposição reage à tese de que PSDB criou 'valerioduto'
Autor: Cida Fontes
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/10/2005, Nacional, p. A8

Com apoio do PFL, tucanos ameaçam até convocar irmão de Lula, para inibir versão do caixa 2 em campanha

O PSDB, com o apoio do PFL, decidiu ir para a ofensiva e reagir ao que o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) chamou de "farsa gigantesca do PT", que estaria tentando circunscrever o esquema de corrupção do "valerioduto", objeto das investigações das CPIs dos Correios e do Mensalão, à prática de caixa 2 nas campanhas eleitorais. "Vamos impedir essa farsa e levar ao extremo as investigações para mostrar quem roubou e de onde vem o dinheiro", afirmou o senador. Em resposta ao PT, que ontem conseguiu arrastar a cúpula do PSDB para a CPI dos Correios, o líder do partido, senador Arthur Virgílio (AM), ameaçou convocar os tesoureiros estaduais do PT e criar sub-relatoria para investigar caixa 2 das campanhas eleitorais. A estratégia do PSDB, acertada em reunião com o PFL, é evitar que o PT passe para a opinião pública a versão de que a corrupção começara no governo Fernando Henrique, neutralizando as denúncias contra o atual governo. Essa versão - que já ficou explícita na semana passada em nota do presidente eleito do PT, o deputado Ricardo Berzoini (PT-SP) - irritou os tucanos. Porque, analisam, ela ajudaria na reeleição do presidente Lula e poria governo e oposição no mesmo plano.

Durante o depoimento de Cláudio Mourão, tesoureiro da campanha do senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) ao governo de Minas, em 1998, os tucanos apontaram as diferenças entre o esquema montado por Marcos Valério e pelo ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares em 2003 e 2004 ao realizado pelo tucano. "Além disso, são episódios pré-eleitorais e, no caso do PT, os depósitos em contas de parlamentares foram feitos nos dois anos seguintes à eleição do presidente Lula", disse o líder do PSDB, deputado Alberto Goldman (SP), lembrando que Mourão, ao contrário de Delúbio, nunca foi dirigente do PSDB.

No confronto com o governo, a oposição ameaça pedir mais convocações de pessoas ligadas ao presidente Lula, como forma de desgastar a sua imagem. Entre elas, estão o irmão Genival Inácio da Silva, o Vavá, acusado de tráfico de influência, e o presidente do Sebrae, Paulo Okamotto, amigo de Lula.