Título: Líder do ´não´ evita o já ganhou
Autor: Laura Diniz
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/10/2005, Metrópole, p. C1

O resultado da pesquisa do Ibope divulgada ontem foi recebida por representantes das duas frentes parlamentares como decorrente, principalmente, do fato de a campanha do 'não' ter sido mais objetiva que a do 'sim'. Ao comentar os dados do Ibope do dia 14, as frentes haviam ponderado que os números poderiam influenciar o rumo das campanhas. 'Estou recompensado pelo trabalho. Se ganharmos, será a vitória da razão, da informação, e não da emoção, do sensacionalismo', disse o deputado Alberto Fraga (PFL-DF), presidente da Frente Parlamentar pelo Direito da Legítima Defesa. Assim como Fraga afasta o 'já ganhou', o presidente do Instituto Sou da Paz, Denis Mizne, passa longe do 'já perdeu'. 'A pesquisa aponta que há 8% de brancos, nulos e indecisos. Se você anda na rua, vê que o clima é de indecisão. É um cenário que pode ser revertido. Há poucos convictos.' Hoje a batalha dos dois lados promete ser intensa, com carreatas, caminhadas e panfletagem em várias cidades. 'Eu vou para a rua aqui no Distrito Federal', disse Fraga. 'Nossa chance é trabalhar em cima dos indecisos na rua. Cada voto que a gente vira vale dois - é um a mais para a gente e um a menos para eles', afirmou Mizne. O deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) disse que a diferença de dez pontos porcentuais em favor do 'não' revela descrença da população de que o Brasil possa ser menos violento. 'O voto ´não´ é daquele cidadão conservador que não acredita nas políticas públicas', disse o deputado, que votará pela proibição do comércio de armas de fogo e munição. Segundo ele, como a população teme muito a violência, acabou envolvida num debate emocional e superficial. 'É um resultado excelente. Espero que os números se confirmem nas urnas no referendo', afirmou o deputado Luiz Antônio Fleury (PTBSP), vice-presidente da frente pelo 'não'. Ele afirmou que, nas últimas semanas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve uma posição 'correta' ao evitar novas mensagens de apoio à proibição da venda de armas. 'O governo não deveria ter entrado num debate que não era partidário', disse.