Título: Pesquisa dá 51% de votos para o não
Autor: Laura Diniz
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/10/2005, Metrópole, p. C1

Pesquisa do Ibope divulgada ontem pela Rede Globo indicou que a vantagem do "não" sobre o "sim" chegou a dez pontos porcentuais no referendo de amanhã sobre a proibição ou não do comércio de armas de fogo e munição. O "não" cresceu, em uma semana, de 49% para 51%, enquanto a opção pelo "sim" caiu de 45% para 41%. O número de votos em branco, nulos e de indecisos cresceu de 6% para 8%, entre a pesquisa divulgada no dia 14 e a de ontem. Se forem levados em consideração apenas os votos válidos, o "não" chega a 55% e o "sim", a 45% das intenções de voto. A pesquisa foi feita entre os dias 18 e 20 de outubro, com 2.002 eleitores de todo o País. A margem de erro é de 2 pontos porcentuais. Do total de entrevistados, 93% disseram que vão votar com certeza amanhã e 92% declararam estar acompanhando o horário gratuito de rádio e televisão, encerrado anteontem. Dos 1.846 que disseram ter visto os programas, 14% afirmaram ter mudado de opinião e 84% mantiveram a intenção de voto inicial - o restante não opinou. Pela pesquisa, as mulheres foram mais influenciadas pelas campanhas das Frentes Parlamentares por um Brasil sem Armas e pelo Direito da Legítima Defesa: 15% delas trocaram de voto, enquanto 12% dos homens mudaram de opinião. Entre as faixas etárias, a oscilação maior ocorreu entre os jovens - 18% repensaram o voto.

Entre os que declaram votar "não", 15% mudaram de voto. Para os que disseram votar "sim", a alteração foi de 11%. Entre os entrevistados indecisos, a mudança foi da ordem de 20%. O "não" cresceu principalmente entre os homens e no Rio Grande do Sul.

A subida do "não" nas pesquisas teve suporte na campanha publicitária incisiva, focada desde o início no argumento de que a proibição do comércio de armas e munição retirará um direito do cidadão. Os programas do "não" foram considerados melhores por 49% dos entrevistados. A campanha do "sim", com um discurso inicial centrado na paz e na vida e, depois, empenhada em mostrar que armas "destroem, aleijam e matam", foi a melhor para 37%. Na pesquisa do dia 14, o resultado era o inverso, com 44% para o "sim" e 42% para o "não".

O ranking dos meios de informação mais usados pelos eleitores para decidir como votar ficou assim: conversas com pessoas da família (34%), conversas com amigos e colegas (27%), horário gratuito no rádio e na TV (27%), notícias no rádio e na TV (19%) e jornais e revistas (11%). Dos entrevistados, 13% disseram se informar pela igreja e 17% não souberam responder ou não opinaram.

Apesar de o tema discutido ser complexo e de um grande número de eleitores confundir as alternativas de voto - na urna eletrônica, "não" é 1 e "sim" é 2 -, praticamente 9 entre 10 entrevistados disseram estar "bem informados" para votar amanhã. Das 2.002 pessoas ouvidas, 15% se sentem muito bem informadas e 10%, mal informadas. Os que se sentem mais esclarecidos são os com renda superior a 10 salários mínimos.