Título: Aftosa avança e já ameaça o Paraná
Autor: Fabíola Salvador
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/10/2005, Economia & Negócios, p. B1

Cinco novos focos de febre aftosa foram confirmados ontem pelo Ministério da Agricultura em municípios de Mato Grosso do Sul - totalizando 10 focos desde o início da crise - e há suspeitas de que o vírus cruzou a divisa do Estado chegando ao Paraná. O secretário de Agricultura paranaense, Orlando Pessutti, anunciou que foram identificados 19 animais com sintomas da doença, em 4 propriedades situadas nas cidades de Maringá, Loanda, Amaporã e Grandes Rio. Esses animais teriam participado de uma feira agropecuária em Londrina, que recebeu reses vindas de Eldorado - município onde surgiu o primeiro foco da doença na fazenda Vezozzo.

Dos novos focos em Mato Grosso do Sul, 4 estão em Japorã e 1 em Novo Mundo, todos dentro da área isolada pelo governo desde o início da crise. Em Japorã, Sítio Boa Vista (53 bovinos, 3 doentes), Fazenda Guatambu (253 bovinos, 16 doentes), Lote 205 PA Savana (16 bovinos, 2 doentes), Sítio São Benedito II (142 cabeças, 20 doentes). Em Novo Mundo, a Fazenda Grazin tem 777 bovinos (5 doentes). Todos estão dentro da "zona tampão" - raio de 25 quilômetros em torno do primeiro foco, englobando cinco municípios: Eldorado, Japorã, Novo Mundo, Iguatemi e Itaquiraí.

"O rebanho total a ser sacrificado desde a primeira confirmação, por meio de exame laboratorial, é de 6.469 animais", informou o governo.

Apesar da confirmação de novos focos de aftosa em Mato Grosso do Sul, o Ministério da Agricultura minimizou o registro. "A doença mantém-se limitada ao raio de 25 quilômetros estabelecido no entorno dos focos e considerado área de segurança", ressaltaram os técnicos.

A Fazenda Vezozzo, onde surgiu o primeiro foco, cumpre fase de vazio sanitário (sem presença de bovinos por 30 dias). A Fazenda Jangada, em fase de avaliação e abate do rebanho, já teve sacrificadas 300 reses. O ministério não fez comentários sobre a decisão judicial que suspendeu o abate de animais da Jangada.

Os casos divulgados ontem foram confirmados por exame clínico epidemiológico, através de sinais clínicos. Segundo a Assessoria de Imprensa do ministério, "o objetivo do diagnóstico clínico epidemiológico é acelerar a eliminação dos animais doentes e impedir a circulação do vírus". Na área de vigilância (dez quilômetros a partir dos focos) existem aproximadamente 400 propriedades com cerca de 14 mil bovinos, o que dá uma média de 35 animais por fazenda.

Até agora, em toda a área interditada, foram inspecionadas 924 fazendas - total 122.578 bovinos, 3.230 ruminantes, cabras e ovelhas e 2.713 suínos. A doença, diz o ministério, está limitada a bovinos.