Título: Áreas leiloadas pela ANP dobram reserva de gás
Autor: Kelly Lima e Nicola Pamplona
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/10/2005, Economia & Negócios, p. B9

EXPANSÃO: Além da auto-suficiência em petróleo, o Brasil deve conquistar em 2006 também a capacidade de atender a toda a demanda de gás liquefeito de petróleo (GLP), o gás de cozinha. O diretor do Departamento de Combustíveis Derivados de Petróleo do Ministério de Minas e Energia, Cláudio Akio Ishihara, acredita que a auto-suficiência chegará por dois motivos: a queda no consumo e a redução da importação do produto com a entrada em operação de novas unidades de processamento de gás natural e a reforma das refinarias da Petrobrás. A importação reduziu-se em torno de 59% entre 1999 e 2005. A dependência externa caiu no mesmo período de 43% para 15%, e em 2005 ficará em 6%. Kelly Lima O Ministério de Minas e Energia calcula que os blocos licitados pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) esta semana vão garantir um acréscimo de, pelo menos, 300 bilhões de m3 às reservas brasileiras de gás natural, volume equivalente às reservas atuais. A procura por novas jazidas do combustível provocou mudanças na estratégia da área de exploração e produção da Petrobrás, que vai alocar mais recursos na busca por gás. "O Brasil apresenta um aumento muito elevado no consumo de gás e a empresa precisa ter uma resposta para isso", disse o diretor de Exploração e Produção da companhia, Guilherme Estrella.

De acordo com o diretor do Departamento de Combustíveis Derivados de Petróleo do ministério, Cláudio Akio Ishihara, as possíveis descobertas em áreas do leilão desta semana podem começar a produzir a partir de 2012. Na ocasião, a ANP vendeu áreas voltadas para o gás natural nas bacias de Santos, São Francisco, Solimões e em águas rasas no Espírito Santo. Sozinha ou com parceiros, a Petrobrás arrematou quase 30 mil km2 de áreas com essas características.

Em conferência telefônica com analistas de mercado, Estrella informou que a Petrobrás vai investir US$ 404 milhões na busca por reservas de gás natural nas áreas arrematadas no leilão, quase o dobro dos US$ 207 milhões reservados para os blocos com potencial para petróleo. Com a proximidade da auto-suficiência na produção de petróleo e o consumo de gás natural em expansão, a busca por este último se tornou prioridade nos planos da empresa, disse o executivo. "Não vamos abandonar o óleo, principalmente o óleo leve, mas o gás ganha cada vez mais importância", afirmou.

A Bacia de Santos vai abocanhar a maior parte do orçamento projetado para as áreas do leilão: US$ 250 milhões, contra os US$ 180 milhões reservados para Campos. É em Santos que a Petrobrás concentra hoje seus esforços exploratórios, na avaliação das reservas descobertas recentemente nos blocos BS-400, onde está o campo de Mexilhão, e BS-500. Juntos, os dois têm jazidas estimadas em até 400 bilhões de m3.

O diretor da Petrobrás disse que as reservas brasileiras de petróleo e gás, em torno de 13 bilhões de barris de óleo equivalente, vão apresentar crescimento consistente este ano.