Título: Força Sindical pede pacto antidemissões
Autor: Fabiola Salvador Agnaldo Brito Kelly Lima
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/10/2005, Economia & Negócios, p. B4

Central está disposta a propor suspensão temporária de contratos de trabalho

A Força Sindical vai propor um pacto em defesa do setor de carnes e derivados aos representes dos frigoríficos. Em troca de garantias da manutenção do nível de emprego, que está ameaçado pelo embargo às exportações brasileiras de carne, os sindicalistas estão dispostos a discutir a adoção de mecanismos como a suspensão temporária do contrato de trabalho e de ações conjuntas para pressionar o governo federal a tomar medidas capazes de reduzir os problemas causados pelo ressurgimento da aftosa no País. A proposta será apresentada hoje pelo presidente da central, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, em reunião com representantes da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), do Sindicato do Frio (Sindifrio) e da Federação da Alimentação de São Paulo, entre outros.

Ontem, Paulinho se reuniu com sindicatos do setor de carnes e derivados, filiados à Força, de Mato Grosso do Sul, do Paraná, de Santa Catarina, de Goiânia e de São Paulo para discutir a ameaça de desemprego no setor. "Vários frigoríficos já avisaram que vão dar férias coletivas. Se a gente não fizer nada, o próximo passo serão as demissões", disse o sindicalista.

Segundo ele, frigoríficos de Araçatuba e Barretos, no Estado de São Paulo, e de Maringá, no Paraná, anunciaram que darão férias coletivas aos trabalhadores na próxima semana. Empresas que fazem o transporte de gado de Mato Grosso do Sul, onde foram detectados os focos de aftosa, também sinalizaram com férias coletivas ou demissões. Somente nos Estados de São Paulo são 70 mil trabalhadores no setor de carnes e derivados. No Paraná, são mais 30 mil.

"Vamos propor um pacto aos setor patronal. Em troca da defesa do setor, a gente quer que eles garantam o emprego", explicou o presidente da Força Sindical. Entre as primeiras ações conjuntas a serem propostas pelos sindicalistas está a busca de apoio de governos estaduais. Outra idéia é levar uma boiada à Avenida Paulista, principal centro financeiro da capital, "para mostrar que o boi brasileiro é saudável".

"Queremos pressionar o governo federal a se mexer para resolver o problema. Por exemplo, a grande queixa em Mato Grosso do Sul é a falta de fiscalização nas fronteiras secas da região, onde o tráfico de animais é apenas um dos problemas".

O presidente do Sindifrio, Edivar Villela de Queiroz, confirmou que alguns frigoríficos estão programando férias coletivas para seus funcionários. "Já há um caso em Mato Grosso do Sul e deverá haver outros em algumas indústrias paulistas que exportam", disse. "Esperamos conseguir reabrir o Estado de São Paulo para exportação der carne para a União Européia. Faz dez anos que o Estado não tem aftosa e, por isso, não há razão para ficarmos fora do mercado."