Título: Empregos, salários e exportações
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/10/2005, Economia & Negócios, p. B2

Segundo levantamento do IBGE divulgado anteontem, no mês de agosto o nível de emprego no setor industrial acusou crescimento pelo 18º mês seguido, em relação a igual mês do ano anterior. Todavia, em relação a julho último, o nível de emprego na indústria teve alta de apenas 0,1% e isto, sem dúvida, é um indicador de certa estabilidade. Já a Caged, do Ministério do Trabalho, divulgou ontem que, em setembro, o número de empregados cadastrados subiu para 189.458, um acréscimo de 0,73% - que é bom lembrar que se refere apenas a operários com carteira de trabalho. Para os nove primeiros meses do ano, a Caged registra a criação de 1.265.782 postos de trabalho, um aumento de 5,11%. Os dados do IBGE, porém, mostram uma alta de apenas 1,9% no emprego em geral, o que permite concluir que o que houve foi uma significativa mudança no perfil de emprego, com a contratação de maior número de trabalhadores com carteira assinada, o que representa um grande avanço.

Nos dados do IBGE, o mais interessante são as informações por setores de atividade e por regiões. Esses dados permitem verificar que a atividade exportadora foi um fator importante para a melhoria do emprego. Em agosto, comparativamente ao mesmo mês do ano passado, o emprego em geral cresceu 0,3%, mas cresceu 8,1% no ramo de alimentos e bebidas, 7,3% nos meios de transporte e 8,5% nos produtos de metal. São setores que tiveram papel importante nas exportações.

É normal que isso se reflita na distribuição geográfica do emprego. Em agosto, outra vez em relação ao mesmo mês de 2004, o aumento do emprego industrial foi de 2,6 % no Estado de São Paulo, de 3,4% em Minas Gerais e de 3,8% no Norte e Centro-Oeste. O Estado com maior queda nos postos de trabalho foi o Rio Grande do Sul (-8,5%), o que se explica pela crise da agricultura, que se traduziu numa profunda queda nas encomendas de equipamentos agrícolas, cuja produção se concentra naquela região. A crise da carne deverá se traduzir ainda por uma sensível queda do emprego em Mato Grosso, onde os frigoríficos deverão dispensar mão-de-obra.

O número de horas pagas acusou, em agosto, relativamente a julho, um aumento de 0,3%, após dois meses de recuo, enquanto a folha de pagamento real apresentou aumento de 2,2% e de 4,1% no acumulado do ano, parecendo refletir uma melhora dos salários que se deve, muito certamente também, à evolução das exportações.