Título: Nem toda verdade veio à tona, diz Suplicy
Autor: Paula Puliti e Thiago Velloso
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/10/2005, Nacional, p. A7

O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) disse ontem que o processo de esclarecimento das denúncias que pesam sobre o deputado José Dirceu (PT-SP) não está concluído e nem toda a verdade veio à tona. De acordo com Suplicy, falta completar a apuração. "Eu não sei e ninguém sabe o que aconteceu", afirmou o senador, que participou de reunião do Conselho Superior de Comércio Exterior da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Ele acredita que Dirceu deveria ser convocado para falar nas CPIs, sobretudo na do Mensalão e na dos Correios, justamente para elucidar questões que o envolveram. "A convocação pelas CPIs colaboraria para o que deseja o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que é trazer toda a verdade à tona."

Dirceu enfrenta processo no Conselho de Ética da Câmara, acusado de idealizar o esquema do mensalão, e pode ter seu mandato cassado. Suplicy admitiu que a situação do deputado está difícil, mas acha que ainda não é claro qual será a decisão final do plenário da Câmara. "É importante que ele tenha direito à defesa", afirmou. O senador disse ainda que iria assistir ao programa Roda Viva ontem à noite, para saber o que Dirceu diria.

Suplicy também defendeu a convocação do presidente do PSDB, senador Eduardo Azeredo (MG), pelas CPIs para que ele possa esclarecer as acusações de que sua campanha à reeleição ao governo de Minas Gerais, em 1998, usou caixa 2. No sábado, Azeredo confirmou ter recebido um cheque de R$ 700 mil do empresário Marcos Valério na campanha. Disse que o dinheiro foi uma ajuda para quitar despesas com aluguéis de carros usados na campanha, que eram cobradas na Justiça pelo ex-coordenador da campanha, Cláudio Mourão.

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Também presente à reunião da Fiesp, o senador Jefferson Péres (PDT-AM) criticou as manobras para protelar o julgamento de Dirceu no Conselho de Ética da Câmara e cobrou agilidade no processo. O relator do processo no Conselho de Ética, Júlio Delgado (PSB-MG), já apresentou parecer pedindo a cassação, mas a falta de quórum está atrasando a votação. "Os deputados que se prestam a essas protelações parece que ainda não tomaram consciência de que a sociedade está inconformada e não aceita mais isso. Esses parlamentares estão em dissintonia com a sociedade brasileira", reclamou. "O que a sociedade quer são atos e exemplos."

Mais do que cobrar uma decisão com relação a Dirceu, Péres pediu a cassação o mais rápido possível de seu mandato. "José Dirceu vai ser cassado", disse. "Tem de ser cassado, assim como os outros 11 (deputados acusados de envolvimento no mensalão) também. É o mínimo que se espera como resposta do Congresso à sociedade."