Título: CPI dos Bingos ganha 6 meses de prazo e pode ir até 25 de abril
Autor: Rosa Costa
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/10/2005, Nacional, p. A8

Instalada em agosto e com término previsto para quinta-feira, a CPI dos Bingos foi ontem prorrogada por mais180 dias. O novo prazo vence em 25 de abril. O presidente da CPI, senador Efraim Morais (PFL-PB), disse ontem que os trabalhos da comissão podem acabar antes, dependendo da conclusão do parecer do relator Garibaldi Alves (PMDB-RN). A semana será dura para o governo na CPI. Hoje será ouvido o juiz afastado João Carlos da Rocha Mattos - preso há dois anos sob acusação de vender sentenças judiciais -, que diz saber tudo sobre o assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel, em 2002.

Amanhã, o chefe de Gabinete do presidente Lula, Gilberto Carvalho, participará de acareação com Bruno e João Francisco, irmãos de Celso Daniel.

Os senadores querem que Rocha Mattos fale sobre as 42 fitas cassetes que, gravadas entre janeiro e março de 2002, registram diálogos entre petistas e outras pessoas envolvidas no caso.

Numa entrevista, o juiz disse que os trechos mais comprometedores mostram Gilberto Carvalho orientando a forma como as pessoas deviam se comportar a respeito do assassinato. O juiz afirma, ainda, que as fitas contêm trechos mais graves que ainda não foram divulgados.

O assessor de Lula nega ter falado aos irmãos de Daniel sobre a ligação do crime com o esquema de corrupção instalado na prefeitura de Santo André. João Francisco e Bruno afirmam que Gilberto foi mais longe, ao dizer que era obrigado a entregar o dinheiro da extorsão feita a empresas contratadas pela prefeitura ao então presidente do PT, deputado José Dirceu (PT-SP).

Ele teria dito ainda que, em uma só ocasião, passou para Dirceu R$ 1,2 milhão.

O ministro da Coordenação Política e Assuntos Institucionais, Jaques Wagner, chegou a dizer que o governo entraria no Supremo Tribunal Federal (STF) para impedir a convocação de Gilberto Carvalho. Mas ele próprio já deu sua presença como certa. A diferença é que agora não poderá exigir sessão fechada, como fez quando depôs na CPI.

Na quinta-feira estão previstos os depoimentos de quatro ex-presidente e do atual presidente da Caixa Econômica Federal (CEF), Jorge Mattoso.

Eles serão questionados sobre o contrato das loterias com a multinacional Gtech do Brasil, que já dura oito anos e nunca foi alvo de licitação.