Título: Perito apurava morte de Toninho
Autor: Fausto Macedo
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/10/2005, Nacional, p. A9

Delmonte, morto há uma semana, preparava laudo sobre o caso

Carlos Delmonte, o legista que apontou sinais de tortura no cadáver do prefeito Celso Daniel (PT de Santo André), estava trabalhando em outro caso emblemático para o partido - o assassinato de Toninho do PT, prefeito de Campinas. A revelação foi feita ontem pelo promotor Marcelo Millani, designado pela Procuradoria-Geral de Justiça para acompanhar a investigação policial sobre a morte do legista, ocorrida há uma semana. 'Ele (Delmonte) comentou comigo que estava fazendo um laudo sobre o caso do Toninho do PT', disse Millani.

Segundo o promotor, o legista disse que estava elaborando nova perícia referente a uma etapa da apuração envolvendo a execução de Toninho - o prefeito foi assassinado com um tiro na noite de 10 de setembro de 2001, quando saía de um shopping.

Essa parte da investigação se refere à morte de dois suspeitos do assassinato de Toninho, eliminados durante suposta troca de tiros com policiais de Campinas. O confronto teria ocorrido em Caraguatatuba (SP). Delmonte anotou, em conversa com o promotor, que a perícia poderia derrubar a versão de tiroteio da polícia.

'Esse trabalho do dr. Delmonte é um dos focos da nossa investigação', disse o promotor, antes de se reunir ontem à tarde com o delegado José Antonio do Nascimento, do Departamento de Homicídios.

Nascimento conduz o inquérito sobre o caso do legista e acredita que a hipótese de morte natural está descartada, mas lembra que o Instituto Médico Legal realiza análise microscópica e laboratorial. 'A morte pode ter sido provocada até mesmo por uma ação passiva dele, tudo depende do laudo.' Nascimento destacou que o diretor do Departamento de Homicídios, delegado Domingos Paulo Neto, deu carta branca para a investigação.

'Não existe pressão alguma, trabalho com total independência.' ?