Título: Aftosa está controlada, diz Rodrigues
Autor: Fábio Graner
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/10/2005, Economia & Negócios, p. B5

Apesar de ser praticamente certo que o Paraná também tenha focos de febre aftosa além de Mato Grosso do Sul, o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, afirmou ontem que o problema da doença não está fora de controle. Segundo ele, os prováveis novos focos no Paraná são ¿um segmento do foco original¿ de Mato Grosso do Sul, onde apareceram os primeiros casos há cerca de duas semanas, e o Ministério da Agricultura e o governo do Paraná estão tomando todas as providências necessárias para evitar que a doença animal se espalhe. ¿Está muito claro pelos dados fornecidos pelo Paraná que se trata de um segmento do foco de Mato Grosso do Sul¿, disse Rodrigues, que se reuniu ontem com técnicos do ministério para discutir o problema, suas implicações e soluções.

De acordo com Rodrigues, o ministério trabalha com a hipótese de que a doença tenha chegado ao Paraná durante uma exposição agropecuária em Londrina, em 24 de setembro. Naquele momento, os focos em Mato Grosso do Sul ainda não tinham aparecido. Durante a exposição, houve leilões de animais que, após vendidos, foram enviados para diversas fazendas paranaenses.

O ministro disse ter ficado ¿surpreendido¿ quando recebeu na sexta-feira a notícia do aparecimento da doença no Paraná, segundo ele um dos Estados com ¿melhor cobertura vacinal do País¿. Ele reconhece a gravidade da situação, mas num esforço de otimismo avalia que, do ponto de vista comercial, o quadro de embargos à carne brasileira, pelo menos por ora, muda pouco, uma vez que, dos 42 países que bloquearam a entrada da carne, 35 já haviam incluído o Paraná em sua restrição. Mas o novo risco é que os países aumentem a lista de Estados proibidos de vender carne. ¿Agora surge o problema dos Estados vizinhos ao Paraná.¿

Rodrigues enfatizou que todas as ações exigidas no aparecimento de focos de aftosa estão sendo executadas. ¿Todas as medidas de interdição de propriedades foram tomadas pelo governo do Estado de acordo com as regras internacionais. Nós já informamos a Organização Mundial de Saúde Animal, os países vizinhos e os países com quem mantemos comércio de carne.¿ Segundo o ministro, 40 fazendas, com 4 mil cabeças de gado e 19 com sintomas da doença (o resultado dos exames deve sair na terça-feira), já foram interditadas. Além disso, os animais que participaram de uma feira na cidade paranaense de Toledo, suspeitos de carregaram o vírus, também estão isolados.

Mesmo antes da confirmação dos focos, pecuaristas e entidades do setor no Paraná já estão preocupados. ¿Que vai ter prejuízo é evidente, mas precisamos ver como isso se acomodará no futuro¿, disse o assessor da presidência da Federação da Agricultura do Paraná, Carlos Augusto Albuquerque. O Paraná tem um rebanho de cerca de 10 mil cabeças (5,5% do rebanho nacional). A exportação representa 15% do volume, o equivalente a US$ 5,3 milhões por mês. Boa parte da produção é destinada ao mercado interno, principalmente São Paulo, que já proibiu a entrada de animais e derivados vindos do Paraná. O Rio Grande do Sul também fechou suas fronteiras preventivamente.