Título: Sociólogo prevê onda em favor da pena de morte
Autor: Christiane Samarco
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/10/2005, Metrópole, p. C3

Agora que a sociedade manifestou sua opinião sobre o comércio de armas, a atenção deve se voltar para políticas de segurança. No entender do sociólogo Luiz Eduardo Soares, ex-secretário nacional de Segurança, pessoas com posições à direita no espectro político ganharão força para defender a redução da maioridade penal e a adoção da pena de morte. ¿A vitória do `não¿ é a primeira oportunidade histórica na democracia de um discurso conservador e autoritário, agora legitimado pela população¿, disse Soares. O vice-presidente da Frente Parlamentar pelo Direito da Legítima Defesa, Luiz Antônio Fleury Filho (PTB-SP) pretende propor um referendo sobre a maioridade penal. ¿O referendo das armas trouxe à tona o debate sobre a falência da segurança. Vai haver uma cobrança maior sobre o governo¿, disse Fleury.

Para o presidente do Instituto Sou da Paz, Denis Mizne, vai ocorrer o contrário. ¿A vitória do `não¿ passa o seguinte recado para o governo: `Não se preocupe com segurança. Já que você falhou, eu cuido de mim.¿¿

O sociólogo Antônio Rangel, da organização não-governamental Viva Rio, reconhece que a frente pelo ¿não¿ ganhou legitimidade. ¿O Fleury, por exemplo, é hábil e sabe criar alianças.¿

Na esfera jurídica não se esperam novos questionamentos. Se houvesse a proibição, haveria uma onda de processos com o argumento de que não se pode retirar um direito adquirido. O estatuto já é questionado no Supremo Tribunal Federal em três ações de inconstitucionalidade, ainda não julgadas.

Como as restrições de posse e porte estão mantidas, a procura por armas, que cresceu nos últimos dias, deve se estabilizar. ¿Não haverá corrida às lojas porque as pessoas sabem que seu direito está garantido¿, disse o presidente do Movimento Viva Brasil, Bene Barbosa.

Mizne, por sua vez, prepara uma reação ao ¿não¿. ¿Já que votaram nesse suposto direito de escolha, faremos campanha dizendo para escolherem não comprar armas.¿ Ele deve sugerir ao governo medidas de combate ao contrabando e de responsabilização das fábricas e lojas pela ¿falta de controle e má venda¿ de armas.